De acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em conjunto com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o mercado imobiliário brasileiro registrou um cenário de alta nas vendas e uma queda nos lançamentos durante o ano de 2023.
As vendas de imóveis residenciais novos pelas 20 maiores construtoras e incorporadoras do país aumentaram, atingindo um crescimento de 32,6% em relação a 2022, totalizando 163,1 mil unidades vendidas. Esse resultado representa o maior índice já registrado desde o início da série histórica em 2014. Em termos de valores, as vendas alcançaram uma alta de 34,7%, chegando a R$47,9 bilhões.
No último período, o mercado imobiliário registrou uma queda significativa nos lançamentos, principalmente no segmento de médio e alto padrão, com uma redução de 38%, totalizando 24,5 mil unidades. Por outro lado, os lançamentos do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) apresentaram um crescimento de 16,7%, atingindo 93,3 mil unidades.
Esse aumento no MCMV é atribuído às melhorias implementadas no programa no ano anterior, como o aumento dos subsídios, a redução dos juros e a ampliação do teto de preços, o que estimulou o poder de compra dos consumidores, segundo Luiz França, presidente da Abrainc, em uma entrevista coletiva à imprensa.
França, representante do setor imobiliário, atribui a queda nos lançamentos do segmento de médio e alto padrão à elevação das taxas de juros e ao foco das empresas em liquidar os estoques acumulados em anos anteriores. Ele elogia a decisão das empresas, observando um aumento nas vendas desses estoques. O estoque do setor reduziu, passando de 65 mil unidades no final de 2022 para 47 mil no final de 2023, o que representa 17 meses de vendas, considerando o ritmo atual do mercado. França considera esse nível de estoque como adequado.
Comparativo entre pesquisas
O setor imobiliário brasileiro continua a refletir um cenário de cautela por parte das incorporadoras, conforme indicado pelos números divulgados pela Abrainc e pela pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Os lançamentos de novos empreendimentos registraram uma queda significativa, refletindo a prudência das empresas diante das taxas de juros elevadas para financiamento de moradias de médio e alto padrão.
No entanto, as vendas mantiveram-se resilientes, em parte devido à melhoria das condições do programa Minha Casa Minha Vida. De acordo com a CBIC, as vendas permaneceram praticamente estáveis em 2023, com uma leve queda de 1,4%, totalizando 322,8 mil unidades vendidas. Por outro lado, os lançamentos diminuíram em 11,5%, alcançando 293 mil moradias.
Na cidade de São Paulo, maior mercado do país, as vendas subiram 10% em 2023, totalizando 76,1 mil unidades, enquanto os lançamentos recuaram 3%, para 73,2 mil unidades, de acordo com pesquisa do Sindicato da Habitação (Secovi-SP).
Projeções
O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) expressou otimismo em relação ao mercado imobiliário para o ano de 2024, prevendo um aumento no volume de lançamentos e vendas em comparação com o ano anterior. Ele destacou que a perspectiva é bastante positiva e acredita que haverá um crescimento geral. Esse otimismo é impulsionado, em parte, pela queda da taxa Selic, que poderia eventualmente permitir aos bancos reduzirem as taxas de juros em financiamentos imobiliários no futuro, embora não haja uma previsão clara sobre quando isso ocorrerá.
De todo modo, a perspectiva é de que a redução dos juros contribua para que os consumidores recuperem o poder de compra de forma geral. “O juro indo a um dígito levará muitas mais pessoas ao mercado”, declarou França. “Esse será o grande impulsionador para a classe média voltar com mais força.”
O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) destacou diversos fatores que estão impulsionando positivamente o mercado imobiliário. Ele ressaltou o crescimento da economia brasileira e o elevado número de pessoas empregadas como aspectos favoráveis. Além disso, mencionou melhorias significativas no Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) no ano anterior, que já se refletiram em um aumento de lançamentos e vendas.
Ele citou ainda que o público do MCMV terá o benefício do FGTS Futuro, embora ainda não esteja claro quando isso entrará em vigor. “Não tenho a data de quando será lançado, mas temos conversado com governo e o trabalho é forte para lançar o mais rápido possível.”
Aprovado pelo Congresso em 2022, o FGTS Futuro permite que os tomadores de crédito deem como garantia no financiamento imobiliário os depósitos do fundo que ainda não foram feitos. Na prática, o banco desconta as parcelas diretamente da conta do trabalhador no FGTS conforme eles forem feitos.
Perguntado sobre os distratos, França disse que esse tema não é mais motivo de preocupação desde que foi criado um marco legal, com regras mais duras para o cancelamentos de vendas. “Os distratos no passado eram muito ligados a investidores, que compravam na planta na expectativa de valorizar na entrega. Não espero aumento na relação distratos e vendas este ano”, afirmou.
Em 2023, os distratos representaram 11,8% das vendas de médio e alto padrão, enquanto em 2022 foram 11,6% e em 2021, 12,2%.
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