Adquirir a casa própria continua sendo um dos grandes sonhos dos brasileiros. De acordo com a 7ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, estudo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 33% dos investidores do mercado financeiro planejam usar seus rendimentos para comprar um imóvel.
No entanto, a alta nos preços dos imóveis torna esse sonho cada vez mais desafiador. Segundo o Quinto Andar, o preço dos imóveis à venda em São Paulo aumentou 3,73% no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Em Belo Horizonte (MG), o crescimento foi ainda maior, atingindo 6,67%.
Em meio a essa alta de preços, os imóveis na planta surgem como uma alternativa mais acessível. Durante a construção, as construtoras costumam oferecer condições de pagamento mais flexíveis. “Quando você compra um imóvel na planta, o consumidor paga uma entrada de 20% durante todo esse período até o prédio ficar pronto. Após isso, ele contrata um financiamento para pagar os 80% restantes do imóvel”, explica Ely Wertheim, presidente executivo do Secovi-SP.
Além disso, o preço do imóvel na planta costuma ser menor, pois não inclui a valorização futura prevista para a conclusão das obras. “Não diria mais barato. Possui um preço nominal menor porque a valorização vai acontecer quando for entregue”, reforça Wertheim. Ruan Lessa, analista de inovação de 28 anos, utilizou essa estratégia para sair da casa dos pais antes dos 30 anos. Este ano, ele comprou um apartamento na planta com previsão de entrega para dezembro de 2025. “Se eu comprasse um usado, teria que ter a entrada toda de uma vez. Eu não tinha esse dinheiro”, afirma Lessa.
Riscos de comprar na planta
Apesar das condições de pagamento mais acessíveis, comprar um imóvel na planta apresenta riscos. Marcelo Tapai, advogado especialista em direito imobiliário, destaca a importância de pesquisar o histórico das construtoras para avaliar a confiabilidade e evitar problemas futuros. “O grande problema é o tempo entre a compra e a entrega. Então, uma empresa saudável hoje pode não estar saudável daqui a três anos”, diz Tapai. É crucial verificar se a construtora costuma entregar o empreendimento conforme o prometido no projeto.
“O risco desse negócio é todo do consumidor”, ressalta Tapai. Por isso, é aconselhável contar com a ajuda de um corretor de imóveis ou um advogado especializado para minimizar os riscos. “Essa é a função do corretor e pode ajudar o consumidor a fazer uma compra segura”, afirma Wertheim.
Quando as construtoras têm uma boa reputação financeira, elas conseguem financiamentos para cobrir os custos das obras. Esses projetos são regidos pelo conceito jurídico de patrimônio de afetação, que garante a entrega do imóvel ao consumidor, segundo Wertheim.
Planejamento financeiro é fundamental
Seja comprando um imóvel na planta ou pronto, é essencial ter um bom planejamento financeiro. Sem isso, o consumidor pode acabar com uma dívida de 30 anos que não conseguirá pagar. Sarai Molina, planejadora financeira da Ágora Investimentos, recomenda que as parcelas do financiamento não comprometam mais de 30% do orçamento familiar. Isso permite margem para possíveis ajustes nas parcelas.
Molina sugere que os consumidores se organizem com antecedência para dar uma entrada maior, reduzindo o valor a ser financiado. “Eu fiz um consórcio com dois anos de antecedência. Consegui uma carta de crédito equivalente a 50% do imóvel quando decidi comprar”, relata Molina.
Para quem não opta pelo consórcio, Molina recomenda construir uma reserva financeira, investindo em ativos de renda fixa como LCIs e LCAs, que são isentos de imposto de renda. “Quanto maior for a sua reserva, melhor vai ser a sua negociação de compra”, conclui Molina.
Com um bom planejamento e a escolha cuidadosa da construtora, comprar um imóvel na planta pode ser uma opção viável para realizar o sonho da casa própria.
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Informações retiradas de O Investidor