Um dos maiores desenvolvedores de propriedades de Nova York, RXR em parceria com Ares Management, revelou um plano ambicioso para criar um fundo de 1 bilhão de dólares destinado a revitalizar edifícios de escritórios em dificuldades na cidade. Este movimento ousado sinaliza uma virada na crise do mercado imobiliário americano, especialmente em um momento de incerteza devido à indefinição das taxas de juros e à crescente popularidade do trabalho remoto.
Com a inércia prolongada do mercado de escritórios, os EUA, particularmente Nova York, têm sentido os efeitos remanescentes da pandemia e do alto nível de juros.
O mercado imobiliário comercial dos Estados Unidos enfrenta uma significativa queda nos valores de propriedades, com uma média de 33% de redução e picos de até 60%, especialmente em edifícios de escritórios, de acordo com dados do Goldman Sachs. A pandemia da Covid-19 tem desencadeado uma necessidade urgente de adaptação e investimento em propriedades para garantir sua sobrevivência e prosperidade. Este cenário exige uma reflexão profunda sobre as mudanças nos padrões de demanda e uma pronta resposta por parte de investidores e proprietários.
Aqueles que reconhecem e se adaptam às novas exigências do mercado estarão mais bem preparados para navegar com sucesso neste período de transição pós-pandêmico, assegurando a valorização e viabilidade de seus ativos imobiliários em um ambiente em constante mudança.
Oportunidades para a retomada do mercado de lajes
Empresas como RXR e Ares estão vislumbrando oportunidades de reinvestimento, impulsionadas por uma maior clareza sobre as taxas de juros e o futuro dos escritórios. Com a compreensão de que os valores imobiliários não se recuperarão rapidamente como no passado, essas empresas estão se concentrando em um nicho específico de edifícios que podem necessitar de capital fresco ou reestruturação de dívidas para permanecerem competitivos.
O aumento da atividade de locação de escritórios nos Estados Unidos no final de 2023 está reanimando as expectativas de uma retomada do mercado, fornecendo um cenário propício para os planos de RXR e Ares.
Uma nova dinâmica emerge entre edifícios recém-construídos e propriedades mais antigas. Enquanto as torres modernas continuam a atrair os aluguéis mais valorizados, uma faixa intermediária oferece oportunidades reais para investidores. Estes edifícios, embora não tão novos quanto as torres recentes, mantêm-se atrativos para empresas, apresentando uma opção mais atraente do que as propriedades mais antigas que estão perdendo apelo rapidamente. No entanto, muitos proprietários enfrentam desafios, buscando refinanciar empréstimos ou encontrar novo capital para melhorias necessárias.
Novas estratégias de investimento são cruciais diante da iminente maturidade de $117 bilhões em hipotecas comerciais de escritórios nos EUA em 2024, conforme dados da Mortgage Bankers Association. Além disso, uma projeção da Trepp aponta para $2,2 trilhões em dívidas imobiliárias comerciais nos próximos três anos. Nesse cenário desafiador, o movimento liderado por RXR e Ares se destaca como uma resposta inteligente às condições do mercado.
Esta iniciativa não apenas sugere uma virada para edifícios de escritórios mais antigos em Nova York, mas também sublinha a importância da inovação e adaptação diante da volatilidade do mercado imobiliário.
E o Brasil?
O mercado imobiliário brasileiro está passando por transformações significativas, refletindo muitas das tendências observadas nos Estados Unidos. Em São Paulo e outros grandes centros urbanos do Brasil, a pandemia de Covid-19 e a ascensão do trabalho híbrido estão impactando o setor de edifícios corporativos. A demanda por espaços de escritório está diminuindo, especialmente em prédios de menor qualidade e em áreas menos centrais.
Explorando o potencial do mercado imobiliário brasileiro, a abordagem de identificar e investir em propriedades com potencial, mas que necessitam de melhorias, pode ser vantajosa. Inspirada por estratégias bem-sucedidas como as da RXR e Ares, essa tática visa revitalizar ativos subutilizados, adotando práticas ESG e reestruturação de dívidas. Além de reavivar edifícios, essa iniciativa tem o potencial de estimular todo o mercado imobiliário, impulsionando até mesmo regiões inteiras.
A chave reside numa análise criteriosa de localizações, potencial de valorização e demandas locais.
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Informações retiradas de Anita Scal e Carolina Mori à Exame