O sonho da casa própria continua vivo para os moradores de São Paulo, com uma parcela significativa planejando realizar esse desejo em breve. Segundo um levantamento da startup Loft em parceria com a Offerwise, 14% dos paulistanos pretendem adquirir um imóvel nos próximos seis meses. Destes, quase metade (48%) enxerga a compra como um investimento.
O estudo também aponta que a maioria dos interessados na aquisição de imóveis tem entre 25 e 34 anos. Já quem opta pelo aluguel apresenta um perfil etário diferente: entre os 6% dos paulistanos que desejam alugar nos próximos meses, 12% têm entre 18 e 24 anos, enquanto esse índice cai para 7% entre os 25 e 34 anos.
Idade e hábitos imobiliários
A tabela abaixo detalha a relação entre idade e intenção de compra, venda ou aluguel:
| Idade | Não vai comprar, vender ou alugar | Pretende alugar | Tem imóveis para venda ou locação | Pretende comprar |
|---|---|---|---|---|
| Total | 68% | 6% | 17% | 14% |
| 18 – 24 anos | 67% | 12% | 3% | 18% |
| 25 – 34 anos | 64% | 7% | 11% | 20% |
| 35 – 44 anos | 61% | 10% | 25% | 18% |
| 45 – 54 anos | 71% | 3% | 21% | 11% |
| 55 anos ou mais | 74% | 3% | 19% | 6% |
Classe social e comportamento
A classe social tem grande influência sobre a relação dos paulistanos com o mercado imobiliário. Na classe A (renda acima de 20 salários mínimos), 62% já possuem imóveis para venda ou locação. Além disso, 29% planejam comprar um imóvel nos próximos meses, enquanto apenas 5% consideram alugar.
“O aluguel em classes mais altas talvez esteja relacionado a uma mobilidade maior ou mesmo a uma opção de investimento: deixa-se o dinheiro no banco rendendo em opções melhores do que investir em um imóvel”, explica Carlos Honorato, professor de Economia da FIA Business School.
Por outro lado, a classe C (renda entre 4 e 10 salários mínimos) apresenta menor acesso a imóveis: apenas 11% possuem imóveis disponíveis para negociação, e 72% não têm planos imobiliários no curto prazo.
| Classe Social | Pretende alugar | Pretende comprar | Tem imóveis para venda ou locação | Não vai comprar, vender ou alugar |
|---|---|---|---|---|
| A | 5% | 29% | 62% | 33% |
| B | 5% | 9% | 23% | 66% |
| C | 6% | 15% | 11% | 72% |
| D/E | 9% | 14% | – | 77% |
Desafios e preocupações
Entre os fatores que mais preocupam os paulistanos ao considerar um imóvel estão os juros e as condições de financiamento. Quase metade dos entrevistados (48%) deram notas baixas para esse quesito.
| Classe Social | Juros/Financiamento | Preço dos imóveis | Disponibilidade de imóveis |
|---|---|---|---|
| A | 29% | 19% | 5% |
| B | 41% | 26% | 9% |
| C | 53% | 42% | 10% |
| D/E | 59% | 50% | 36% |
Carlos Honorato analisa que “comprar um imóvel no Brasil é tarefa de uma vida inteira” devido aos altos custos, taxas de juros e restrições de crédito. Além disso, ele destaca que a oferta imobiliária nem sempre está alinhada às reais necessidades do mercado, com tendências que muitas vezes priorizam públicos de maior poder aquisitivo.
Apesar das preocupações, o estudo identificou um otimismo em relação à situação financeira familiar. “A proporção de pessoas que acham que a situação financeira vai melhorar é maior do que a de quem acha que vai piorar”, ressalta Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft.
Esse cenário evidencia desafios estruturais do mercado imobiliário no Brasil, mas também destaca oportunidades de inovação e políticas públicas para ampliar o acesso à moradia formal e de qualidade.
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Informações retiradas de Estadão
