O Termômetro Imobiliário, pesquisa realizada pelo GRI Club em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, traça um panorama da percepção dos líderes do setor imobiliário no Brasil. Neste 3º trimestre de 2024, a pesquisa, que ouviu mais de 55 empresários e executivos influentes no mercado nacional, revela um cenário misto: embora haja confiança no crescimento do setor imobiliário, a visão sobre a economia do país tem se deteriorado.
Perfil dos entrevistados
A pesquisa oferece um retrato interessante dos entrevistados:
- 83% são homens, enquanto 17% são mulheres, demonstrando uma predominância masculina nas posições de liderança.
- A faixa etária predominante está entre 45 e 54 anos, com 39% dos participantes nessa categoria.
- Quando se trata de cargo, 83% dos entrevistados ocupam posições de sócio ou diretor, confirmando o perfil de liderança estratégica.
- Em relação ao porte das empresas, 36% dos participantes representam empresas com mais de 500 funcionários, sinalizando a participação de grandes players do mercado.
Expectativas para a economia brasileira
O otimismo em relação à economia brasileira sofreu uma queda expressiva em relação ao trimestre anterior. 47% dos líderes entrevistados acreditam que a economia se manterá semelhante nos próximos 12 meses. Este percentual é significativamente maior do que os 19% que preveem uma melhora, demonstrando uma deterioração da confiança. No trimestre anterior, 52% dos entrevistados esperavam uma melhora na economia, sinalizando um declínio notável de 33 pontos percentuais no otimismo.
Essa queda na expectativa reflete preocupações com a alta taxa de juros, mencionada por 78% dos entrevistados como o principal fator crítico, além de incertezas no ambiente político-institucional do país, que preocupa 76% dos líderes. Ambos os fatores impactam diretamente a decisão de investimentos no setor imobiliário e na economia como um todo.
Mercado imobiliário: Um setor resiliente
Apesar da perspectiva mais cautelosa em relação à economia, o mercado imobiliário se mantém como uma área de otimismo moderado. 53% dos entrevistados acreditam que o setor apresentará um desempenho melhor nos próximos 12 meses. Embora ainda positivo, este otimismo é menor do que o registrado no 2º trimestre, quando 74% dos entrevistados previam uma melhora.
Os dados indicam que, apesar da incerteza econômica, o setor imobiliário tem mostrado resiliência. A percepção de que o mercado seguirá uma trajetória de crescimento moderado reflete a confiança dos empresários nas demandas locais, especialmente em segmentos que têm mostrado grande potencial.
Empresas continuam investindo
Um dos pontos de destaque da pesquisa é o comportamento das empresas do setor. 69% dos entrevistados afirmaram que suas empresas estão investindo ou ampliando os negócios, o que revela um compromisso contínuo com a expansão, mesmo em um ambiente econômico desafiador. Isso também se reflete nas expectativas de resultados para os próximos 12 meses, com 64% esperando resultados melhores para suas empresas.
No entanto, esse otimismo empresarial também está em queda em comparação ao trimestre anterior, quando 77% dos empresários esperavam resultados melhores. A ligeira redução de confiança pode ser atribuída às condições macroeconômicas mais desafiadoras, como a inflação, que 42% dos entrevistados acreditam que permanecerá estável nos próximos 12 meses, e a alta dos custos de produção, citada como a principal dificuldade enfrentada por 67% das empresas.
Segmentos promissores no mercado imobiliário
O segmento residencial continua sendo o principal foco de oportunidades no mercado. 78% dos entrevistados destacam o setor como a melhor opção para investimento, consolidando sua posição como o motor do crescimento do mercado imobiliário brasileiro. O setor de galpões também teve um aumento expressivo de interesse, passando de 43% no 2º trimestre para 60% no 3º trimestre, refletindo a crescente demanda por infraestrutura logística no país.
Além desses, o segmento de loteamentos teve um aumento de relevância, subindo de 22% para 28%. Esses setores se destacam como áreas de oportunidade mesmo diante de um ambiente mais desafiador.
Principais dificuldades do setor
Por outro lado, a pesquisa revela alguns entraves que as empresas do setor precisam enfrentar. Além dos já mencionados custos de produção e da inflação, 55% dos entrevistados apontaram as dificuldades em processos de aprovação regulatória como um fator que tem freado o crescimento. A falta de agilidade em aprovações urbanísticas e em órgãos reguladores se apresenta como um obstáculo significativo para o lançamento de novos empreendimentos.
Outro ponto crítico mencionado por 52% dos líderes foi o acesso limitado a crédito e financiamento. As condições restritivas de financiamento, influenciadas pela alta dos juros, têm inibido tanto as empresas quanto os consumidores, criando uma barreira para o desenvolvimento de novos projetos.
Impacto das políticas de incentivo
O impacto das políticas de incentivo do governo também foi avaliado. Programas como o Minha Casa Minha Vida foram considerados benéficos por 74% dos entrevistados, que indicaram um impacto positivo ou muito positivo no mercado imobiliário de baixa renda. Essa percepção reflete a importância das políticas públicas para estimular a demanda e proporcionar crescimento ao setor.
Regiões promissoras para investimentos
Quando questionados sobre as regiões mais promissoras para investimentos imobiliários, 72% dos entrevistados destacaram os grandes centros econômicos, como São Paulo e Rio de Janeiro. As cidades do interior, que estão em fase de desenvolvimento, também foram mencionadas por 46% dos participantes, apontando o potencial de crescimento dessas áreas.
Conclusão
O Termômetro Imobiliário do 3º trimestre de 2024 pinta um quadro de contrastes: enquanto as expectativas para a economia do país enfraquecem, o mercado imobiliário permanece uma área de otimismo moderado. As empresas do setor continuam investindo e explorando oportunidades em segmentos-chave como o residencial e galpões, embora enfrentem desafios significativos, como os altos custos de produção e a falta de crédito.
Com as taxas de juros e a instabilidade política como fatores determinantes para o futuro, o sucesso do mercado imobiliário dependerá da capacidade dos empresários de navegar por um ambiente econômico mais restrito, aproveitando as oportunidades em setores em crescimento e adaptando-se às novas realidades do mercado.
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Fonte: Pesquisa Termômetro Imobiliário GRI Club & Brain Inteligência Estratégica
Texto por: Flavia Barbosa