O cenário das taxas de financiamento habitacional permaneceu estável, situando-se entre 10,49% e 11,49% ao longo do ano, de acordo com dados da plataforma Melhor Taxa. Contudo, especialistas consultados pelo Valor indicam que os juros podem começar a declinar por volta do segundo trimestre de 2024.
A diretora do Melhor Taxa, Priscilla Basso, destaca que a redução da taxa Selic, a melhoria da economia e o aumento da renda podem impulsionar a demanda por empréstimos imobiliários. No entanto, ela ressalta que os bancos só devem reduzir os custos quando houver uma diminuição na inadimplência, prevendo um aumento nas concessões de novos financiamentos antes de cortes nas taxas de juros.
A diretora do Melhor Taxa observa que as instituições financeiras têm favorecido o crédito para os segmentos de renda mais alta, mas prevê uma redução das restrições para a aquisição de imóveis de renda média ao longo de 2024, à medida que o cenário melhora. Ela destaca que as condições de financiamento durante a pandemia, com taxas abaixo de 7% ao ano, não devem retornar. A expectativa é que, no final do ciclo de corte da Selic, o custo médio do crédito imobiliário possa situar-se entre 8,5% e 9% ao ano.
O diretor executivo de habitação da Caixa Econômica Federal, Rodrigo Wermelinger, enfatiza que a queda da Selic torna-se um fator significativo para a diminuição da taxa de crédito imobiliário no próximo ano. Ele explica que, com a antecipação da redução da taxa básica, os bancos estarão propensos a reajustar suas operações em antecipação ao momento de cortar as taxas de financiamento habitacional.
O diretor executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Filipe Pontual, destaca que a perspectiva para 2024 é mais positiva do que 2023, mas ressalta que a redução da taxa Selic não possui uma relação direta com a queda do custo do crédito imobiliário. Ele enfatiza a importância do país manter o equilíbrio fiscal para influenciar os juros futuros, um fator crucial para o custo de captação no mercado privado.
Pontual observa que, mesmo com a recuperação da poupança, os bancos estão no limite do uso desse financiamento e que os agentes estão direcionando mais de 65% do saldo para esse fim. Ele destaca a estratégia dos bancos de combinar funding da poupança com instrumentos de mercado de capitais para manter os custos abaixo da Selic, mas ressalta que os preços de mercado podem cair mais lentamente. O diretor sugere que para uma queda mais rápida dos juros de longo prazo seria necessário reduzir as incertezas fiscais e internacionais.
A produção de crédito imobiliário para pessoas físicas no Bradesco apresentou uma queda de 12% em nove meses, passando de R$ 11,4 bilhões de janeiro a setembro de 2022 para R$ 10 bilhões no mesmo período de 2023. A desaceleração começou no segundo trimestre, após um crescimento anual de 7% nos primeiros três meses do ano. As concessões diminuíram 26,2% de abril a maio e, no terceiro trimestre, houve outra queda, desta vez de 17,2%.
Por outro lado, no Itaú Unibanco, a carteira de crédito imobiliário para pessoas físicas registrou um aumento de 12,1% no fim do terceiro trimestre em comparação anual, totalizando R$ 112,9 bilhões. No entanto, o volume de contratações teve uma queda de 29% em nove meses, comparando com o mesmo período de 2022, passando de R$ 30 bilhões para R$ 21,3 bilhões. Essa tendência revela uma disparidade entre os dois bancos em relação ao comportamento do crédito imobiliário no cenário econômico brasileiro.
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Informações retiradas de Sérgio Tauhata à Valor Econômico