A startup imobiliária Tabas, que reforma apartamentos bem localizados em São Paulo e no Rio e faz locação mobiliada de curto ou médio prazo, recebeu nesta quarta-feira,(19), r cerca de R$80 milhões para escalar a aposta da empresa, que se trata da “estadia flexível” para atrair aventureiros digitais em acomodações superiores a 30 dias.
A rodada de investimentos contou com uma aposta de US$6,6 milhões dado pela startup americana Blueground, que obtém um modelo de negócio semelhante – e é inspiração para a startup brasileira. A empresa investidora deverá também atuar como mentora do negócio, auxiliando nos próximos passos da Tabas – o cofundador e atual presidente executivo da Blueground, Alex Chatzieleftheriou, fará parte do conselho da startup brasileira.
Os US$ 7,3 milhões restantes foram levantados junto com outros investidores em modelo de dívida.
“Foi uma felicidade imensa para nós quando vimos que a Blueground decidiu investir na gente e que nosso modelo de negócio fazia sentido para eles”, conta Leonardo Morgatto, fundador e atual presidente executivo da Tabas, ao Estadão. “Com eles por perto, talvez não precisemos cometer alguns erros e vamos poder seguir um caminho melhor“, completa.
A startup firma contratos de locação de longo prazo com os proprietários que permitem reformas e mobiliação no imóvel — e só aí é que a empresa começa a buscar os moradores. Segundo a companhia, a taxa média de ocupação foi de 93% no ano passado. Modelo de negócio bem diferente das outras proptechs (termo utilizado para as companhias de tecnologia do ramo imobiliário), como QuintoAndar, por exemplo, que consiste em conectar oferta (proprietários) à demanda (inquilinos) por meio de uma plataforma.
Com o aporte recebido, a empresa almeja investir em tecnologia para melhorar a plataforma para hóspedes, realizar mais reformas em seus imóveis e aumentar a contratação de arquitetos próprios, entre incrementar outras equipes necessárias para impulsionar a capital.
Até o momento a Tabas possui cerca de 360 apartamentos localizados em bairros conceituados de São Paulo e Rio de Janeiro, como Itaim, Jardins, Leblon e Ipanema.
Ainda no primeiro semestre do ano, além de expandir a atuação nessas cidades a expectativa é chegar a Brasília, onde Morgatto acredita ter um público carente de alugueis flexíveis. Para o próximo ano, a Tabas pretende expandir seus negócios para o exterior, já mirando a Cidade do México em primeiro passo rumo à expansão internacional — e a entrada da Blueground no negócio pode ser estratégica nesse sentido, já que a empresa estrangeira está presente em cidades como Nova York, Londres e Dubai (na América Latina, porém, ela não tem atuação). “Com essa parceria, vamos poder ter um cidadão global”, observa Morgatto.
Flexibilidade
Como nova aposta do ramo, as startups de moradia dedicam-se cada vez mais a flexibilizar contratos e hospedagens — e a Tabas não é a única em operação no Brasil. Em abril de 2021, chegou ao País a mexicana Casai, que aposta em estadias de curto e médio prazo no turismo com casas inteligentes (fechaduras, interruptores e outros itens que podem ser utilizados a partir de um aplicativo no celular) — o objetivo é competir com hotéis, principalmente.
Como surgiu a ideia do negócio?
A ideia de negócio surgiu de uma dor em comum dos fundadores, que se conheceram durante um MBA no exterior. “Tivemos uma experiência horrível ao tentar alugar um apartamento na Inglaterra”, lembra o italiano Surdi, cofundador e COO da Tabas. “Isso porque quase todos os players do mercado imobiliário são marketplaces que não controlam nem o asset nem a experiência do cliente de ponta a ponta. Então a gente entendeu que tinha um grande público alvo que poderia ser atendido.”
“Atualmente a gente trabalha com single landlords, proprietários que têm um ou dois apartamentos no máximo. Neste ano, a gente começa a fazer parceiras com incorporadoras para administrar edifícios inteiros”, afirma o CEO.
Atualmente o faturamento médio da startup é de R$3 milhões ao mês, mas as receitas crescem em ritmo de 18% mensais, de acordo com os executivos. Apesar de não ter atingido o breakeven ainda, os números foram suficientes para as startups criadas no ano passado atrair investidores. Somando um seed de US$1,5 milhão liderado pelo fundo europeu Venture Friends, com entrada da Grão, e um Family and Friends de US$500 mil, ainda antes disso a Tabas já levantou ao todo quase US$20 milhões até hoje.