Em 2023, o setor imobiliário brasileiro está experimentando um notável ressurgimento após dois anos desafiadores. De acordo com um estudo exclusivo da Economática enviado à EXAME Invest, as incorporadoras e construtoras listadas na bolsa tiveram um crescimento combinado de mais de R$ 21,176 bilhões em valor de mercado desde o final de 2022 até 22 de setembro de 2023. Esse aumento representou um aumento impressionante de 38,02%.
O setor imobiliário ultrapassou outros setores, como alimentos (incluindo frigoríficos) e mineração, em termos de valor de mercado. No final de 2022, o setor valia R$ 55,696 bilhões, mas esse número saltou para R$ 76,872 bilhões até a última sessão de setembro de 2023.
Além do crescimento no valor de mercado, o setor imobiliário também se destacou em termos de lucratividade. Ao analisar o índice Imob, que engloba as 17 principais empresas imobiliárias listadas na bolsa com alta liquidez, o estudo revelou um aumento notável de 125,98% no lucro líquido dessas empresas durante o primeiro semestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior. O índice Imob também experimentou um aumento de 26,17% no ano até o fechamento da sessão em 26 de setembro.
Por que o setor imobiliário valorizou?
O setor imobiliário historicamente tem uma relação inversa com as taxas de juros e foi afetado pela rápida subida da taxa Selic, que passou de 2% em março de 2021 para 13,75% em agosto de 2022. Essa alta prejudicou o setor, que depende de juros baixos para estimular a venda de empreendimentos por meio de financiamentos.
No entanto, em 2023, as expectativas de redução das taxas de juros melhoraram a perspectiva para as empresas imobiliárias. As ações do setor tiveram algumas das maiores quedas em 2022, mas em 2023, espera-se uma correção dessas perdas com a provável queda nas taxas de juros.
Programa ‘Minha Casa Minha Vida’
Governo brasileiro amplia os critérios de elegibilidade para o programa de habitação, beneficiando mais famílias. Agora, residentes urbanos podem ter renda mensal de até R$ 8 mil, enquanto aqueles em áreas rurais podem ter renda anual de até R$96 mil. Os limites máximos para o valor dos imóveis também foram aumentados, variando de R$190 mil a R$264 mil, de acordo com a faixa de renda da família e a localização. Isso significa um aumento na base de consumidores potenciais e mais oportunidades para famílias de diferentes regiões acessarem a habitação.
Redução dos custos dos insumos
O setor imobiliário teve um desempenho notável em 2023, impulsionado por diversos fatores. A redução dos custos dos insumos desempenhou um papel fundamental, aliviando a pressão sobre as margens das empresas após os elevados preços de construção em 2021 e 2022. Isso resultou em preços mais acessíveis no mercado.
Além disso, a revisão do plano diretor, particularmente em São Paulo, impulsionou a demanda por imóveis. O setor como um todo apresentou resultados sólidos ao longo do ano, o que atraiu investidores e levou a um desempenho acima da média. Em resumo, o setor imobiliário em 2023 experimentou uma recuperação notável devido à redução de custos, revisão do plano diretor e resultados sólidos, animando investidores e impulsionando o mercado.
Setor imobiliário à frente de setores destaques
Um estudo realizado pela Economática analisou empresas com ações negociadas na B3, considerando dados até 31 de dezembro de 2022. O estudo abrangeu 341 empresas distribuídas em 40 setores. Surpreendentemente, apenas 21 dessas empresas viram seu valor de mercado aumentar em 2023.
O setor imobiliário se destacou, classificando-se em quarto lugar em termos de valor de mercado, superando até mesmo setores tradicionalmente destacados, como o de alimentação (que inclui empresas como JBS e Marfrig) e mineração (com a Vale). Os setores que superaram o imobiliário foram petróleo e gás, intermediários financeiros e transporte. Este estudo chama a atenção para a performance notável do setor imobiliário em um cenário de mercado em constante mudança.