O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, a Selic, de 11,25% para 12,25% ao ano, marcando uma alta de um ponto percentual. A decisão, tomada por unanimidade, também indicou a perspectiva de ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões, o que pode levar a Selic a 14,25% ao ano até o fim de março de 2025. Este é o maior patamar da taxa desde outubro de 2016.
Em comunicado, o colegiado destacou o compromisso com a convergência da inflação à meta, condicionando novos ajustes à dinâmica da inflação, especialmente em componentes sensíveis à atividade econômica e à política monetária. “A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária”, afirmou o comunicado.
Impactos no mercado imobiliário
A alta da Selic acende um sinal de alerta para o mercado imobiliário. O setor, caracterizado por ciclos longos e capital intensivo, enfrenta desafios que podem comprometer a margem de empreendimentos e a geração de caixa. Segundo Ebran Theilacker, CEO da Versi, fintech especializada em crédito imobiliário, “a alta na taxa básica de juros afeta diretamente a margem dos empreendimentos e a geração de caixa. Além disso, o ambiente de Selic elevada dificulta o acesso a crédito imobiliário, tornando investimentos de menor risco, como a renda fixa, mais atrativos”.
Carlos Corsini, Head da WIT Real Estate, aponta que o aumento dos juros gera um efeito cascata no setor. “Os incorporadores dependem do financiamento imobiliário para realizar construções, e os compradores também. Logo, ela afeta diretamente a demanda e o custo de incorporação. O risco também tende a assustar investidores, que preferem juros mais altos no banco a participar de projetos em fase de desenvolvimento”, explica Corsini.
Desafios para o comprador
Com a Selic em alta, o financiamento imobiliário se torna menos acessível, impactando especialmente compradores de média renda. Este público, mais dependente de financiamento bancário tradicional, enfrenta o desafio de um mercado mais restritivo. “Deve crescer a necessidade de renda para o financiamento do imóvel, tornando o mercado endereçável mais restritivo. Assim, as incorporadoras correm o risco de não venderem os imóveis mesmo tendo demanda”, alerta Theilacker.
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) reforça que os juros elevados restringem o acesso ao crédito, dificultam investimentos e aumentam as despesas financeiras de famílias e empresas. Em nota, a instituição classificou a decisão do Copom como mais um desafio significativo para a economia brasileira.
Oportunidades e planejamento de longo prazo
Apesar do cenário desafiador, alguns especialistas enxergam oportunidades. Matheus Kurtz, diretor de Vendas e Franquias da Auxiliadora Predial, acredita que este pode ser um bom momento para adquirir imóveis a preços mais acessíveis, apostando na renegociação de condições de financiamento em um futuro de queda de juros. “O mercado imobiliário, como em outros momentos de variação da Selic, segue uma dinâmica cíclica que premia o planejamento e a visão de longo prazo”, afirma Kurtz.
O setor, portanto, deve continuar a se adaptar à dinâmica imposta pelo aumento da Selic, buscando mitigar os efeitos negativos e aproveitar as oportunidades geradas por um mercado em constante evolução.
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Informações retiradas de Valor Investe e Estadão