No coração do Jardim Europa, em São Paulo, a Rua Seridó ostenta o título de endereço mais caro do Brasil, com apartamentos de luxo avaliados em mais de R$ 30 milhões. Apesar da presença de prédios imponentes e seguranças uniformizados, a região carece de restaurantes renomados, lojas de luxo e infraestrutura pública de qualidade.
O destaque principal recai sobre a localização privilegiada e a qualidade dos imóveis, enquanto os moradores enfrentam desafios como congestionamentos e fiação elétrica emaranhada nos postes.
Nos últimos 10 anos, o Plano Diretor da prefeitura de São Paulo tem buscado mesclar a ocupação dos bairros visando reduzir o deslocamento das pessoas. Isso levou à incorporação de imóveis compactos e habitações de interesse social em regiões de alto padrão, segundo Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s, especializada em mercado de luxo imobiliário.
Essa mudança tem impactado a percepção de valor dos bairros, com o preço médio do metro quadrado em áreas de alto padrão diminuindo devido à miscigenação de tipologias e à implementação de iniciativas sociais. No entanto, Marcello ressalta que algumas áreas ainda não passaram por essa transformação devido a limitações de construção ou outros motivos.
Em bairros de alto padrão, como os Jardins em São Paulo, surgem ilhas de valorização que se destacam dentro da região. Estas áreas, muitas vezes limitadas a certas ruas ou trechos, escapam das restrições legais que afetam outras partes do bairro. Um exemplo disso é a Rua Augusta, que conecta os Jardins ao Centro Histórico. Nesta rua, os aluguéis no Jardim Paulista são cerca de 50% mais altos do que na Consolação, demonstrando o impacto do local no mercado imobiliário.
Para o economista Lucas Gerez, da Datazap, a Rua Augusta exemplifica o poder da localização nas grandes cidades, onde a distribuição dos preços por metro quadrado é influenciada pela presença de áreas menos nobres ao longo da via, como é o caso da Consolação.
Ruas como a Rua Seridó, com apenas 200 metros de extensão, ganham destaque. Anteriormente utilizada como estação de retransmissão de eletricidade pela Eletropaulo, a área era desacreditada. No entanto, a transformação aconteceu com o lançamento de um empreendimento com 160 unidades residenciais. Hoje, o prédio é altamente valorizado, com preços acima da média, devido à sua localização próxima a bairros de alto padrão. Marcello destaca a mudança na percepção e no valor imobiliário da região.
As ruas mais caras
A Avenida Delfim Moreira, localizada no bairro Leblon, no Rio de Janeiro, conquistou o segundo lugar na lista das ruas mais valorizadas do Brasil, com o metro quadrado avaliado em R$51.129, um aumento de 412% em relação à média da cidade. Enquanto isso, São Paulo domina a lista das 10 ruas mais caras para comprar um imóvel no país, com seis delas na cidade.
No entanto, quando se trata de aluguel, a diversidade estadual desaparece. Todos os 10 imóveis mais caros para locação estão em São Paulo, com a Rua Jesuino Cardoso, no Itaim Bibi, liderando a lista com um metro quadrado avaliado em R$222, o que significa que um imóvel de 100 m² na rua pode custar cerca de R$22.200 para alugar.
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Informações retiradas de Breno Damascena à Estadão