Na última segunda-feira (21), a Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou uma Rodada de Negócios para debater o cenário de funding no mercado imobiliário. O evento destacou questões relacionadas ao Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), apontando desafios e possíveis soluções para a sustentabilidade do setor.
Renato Correia, presidente da CBIC, abriu o encontro sublinhando o crescimento do mercado imobiliário, mas alertou para a escassez de recursos. “Esse é um momento importante do mercado imobiliário, pois está muito ativo, consumindo recursos, e estamos buscando alternativas para continuar esse trabalho tão importante”, disse Correia.
Ele ressaltou o papel essencial do financiamento imobiliário, mas apontou problemas com a poupança e o FGTS, que são fundamentais para o Sistema Financeiro de Habitação (SFH). “Temos problemas importantes na caderneta de poupança e no FGTS. Juntos, temos que encontrar soluções, porque habitação é um problema social no Brasil, seja no segmento econômico, médio ou alto padrão.”
Ely Wertheim, vice-presidente da CII, destacou que o tema do funding será central para as discussões do setor nos próximos anos. “Nós vamos ter que buscar e encontrar soluções em conjunto para um tema tão importante, que já está afligindo o mercado imobiliário”, afirmou Wertheim.
Limitações do SFH e o futuro do FGTS
José Urbano Duarte, ex-vice-presidente da CAIXA e consultor, apresentou uma análise do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), enfatizando suas limitações. Segundo Duarte, o SFH depende de recursos como o FGTS e a poupança, que foram fundamentais para o crescimento do setor no passado, mas que agora impõem barreiras. “Essas fontes de financiamento estão determinando e limitando o crescimento do setor”, explicou.
Duarte também alertou sobre o esgotamento do FGTS. “O FGTS não conseguirá manter o ritmo atual por mais 5 ou 6 anos”, advertiu. Ele ainda destacou a perda de relevância da poupança ao longo dos últimos 30 anos, o que aumenta a pressão sobre o FGTS. Filipe Pontual, diretor-executivo da ABECIP, concordou e destacou a necessidade de novas fontes de funding, como a Letra Imobiliária Garantida (LIG). “Precisamos de instrumentos como a LIG, porque a poupança, sozinha, não será suficiente para financiar o crescimento além de 10% do PIB”, afirmou Pontual.
Soluções para o crescimento do mercado
Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, ressaltou a evolução do setor, com ganho de produtividade e profissionalização. Ele lembrou a importância do financiamento habitacional para o desenvolvimento urbano do Brasil. “Se não fosse o sistema financeiro de urbanização, muitas cidades no país não teriam se desenvolvido como hoje”, comentou Petrucci.
O evento também contou com a participação de Maria Henriqueta Arantes, ex-secretária executiva de Habitação e integrante do Conselho Curador do FGTS, que alertou sobre as mudanças no papel anticíclico do fundo. Segundo ela, “as alterações de expectativa futura, SELIC e etc. nos obrigariam a ter um colchão de recursos para cobrir eventuais picos de IPCA, sem prejudicar nossa política de subsídio de desconto, que é a primeira a ser afetada”.
Clausens Duarte, vice-presidente da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS), encerrou o debate sugerindo inovação no financiamento habitacional. “Estamos num momento em que precisamos, acima de tudo, pensar fora da caixa. A relação entre crédito imobiliário e PIB tem se mantido estável nos últimos anos, mas estamos administrando um problema bom: o crescimento elevado e o limite do funding disponível”, concluiu.
A Rodada de Negócios faz parte do projeto “Melhoria da Produtividade, Competitividade e Empregabilidade do Mercado Imobiliário”, uma parceria entre a CBIC e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
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Informações retiradas de CBIC