O ano de 2024 se mostrou um período de transformações significativas para o mercado imobiliário brasileiro, com avanços em vendas, mudanças tributárias e ajustes em políticas públicas, como o Minha Casa Minha Vida. A evolução do setor, diante de um cenário econômico instável, reflete tanto a resistência quanto às adaptações de um mercado essencial para a economia do país. Neste artigo, vamos revisar os principais acontecimentos e tendências que marcaram o setor imobiliário entre janeiro e setembro de 2024.
Vendas e Valor Geral de Vendas (VGV)
Os primeiros nove meses de 2024 trouxeram números positivos para o mercado de imóveis, evidenciando uma recuperação no setor, após a turbulência de anos anteriores. Em comparação ao mesmo período de 2023, houve um aumento nas vendas, impulsionado por uma demanda crescente e um maior número de unidades disponíveis, ainda que com desafios.
1° Trimestre de 2024
O primeiro trimestre de 2024 iniciou com a venda de 81.376 unidades, totalizando um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$33 bilhões. Embora o número de unidades disponíveis tenha apresentado uma redução de 12,2% em relação ao 1° trimestre de 2023, as vendas nas regiões Sudeste e Sul mostraram uma recuperação importante. A região Sudeste foi responsável por 43.391 unidades vendidas, enquanto o Sul teve 17.382 unidades.
2° Trimestre de 2024
O segundo trimestre registrou um crescimento, com 93.743 unidades vendidas e um VGV de R$ 46 bilhões. As unidades disponíveis sofreram uma queda de 11,5% em comparação ao 2° trimestre de 2023. O Sudeste, mais uma vez, se destacou, com 47.578 unidades comercializadas, e o Sul continuou com um bom desempenho, alcançando 19.353 unidades.
3° Trimestre de 2024
O terceiro trimestre do ano apresentou o maior volume de vendas, com 105.921 unidades comercializadas e um VGV de R$53 bilhões. A redução no número de unidades disponíveis foi de 9,2% em relação ao mesmo período de 2023, o que refletiu a forte demanda nas principais regiões do país. O Sudeste liderou novamente, com 56.495 unidades vendidas, e o Sul seguiu em crescimento, com 22.040 imóveis vendidos.
A intenção de compra e locação de imóveis em 2024
De acordo com uma pesquisa realizada pela Brain Inteligência Estratégica, 46% dos entrevistados pretendem comprar um imóvel nos próximos 24 meses. Destes, 13% já começaram a busca, sendo 8% de forma online e 5% presencialmente. A motivação para a compra de imóveis é predominantemente a transição de vida, com 54% dos entrevistados considerando mudanças como casamento ou mudança de cidade, e 37% buscando sair do aluguel. A Geração Y (28-43 anos) se destaca com a maior intenção de compra (49%), enquanto os Baby Boomers (60-78 anos) apresentam a menor intenção (39%).
Em relação à locação, 17% dos entrevistados pretendem alugar nos próximos 24 meses, com 51% dos entrevistados planejando realizar o aluguel em até 1 ano. A principal motivação para o aluguel é a flexibilidade, com 32% dos respondentes considerando a locação mais vantajosa do que a compra. Outros motivos incluem a busca por uma localização melhor (49%) e a falta de condições financeiras para adquirir um imóvel (44%).
Perfil do investidor imobiliário
A pesquisa da Brain Inteligência Estratégica também revelou o perfil do investidor imobiliário no Brasil. O mercado de imóveis é amplamente dominado por homens (87%), sendo a Geração Y (28-43 anos) a mais ativa, representando 39% dos investidores. A maioria dos investidores (75%) é casada ou vive em união estável, e o interesse por Fundos Imobiliários (FIIs) segue em alta, com 98% dos investidores alocando recursos nesses ativos. Entre os motivos mais mencionados para investir em FIIs estão o rendimento mensal (92%), a diversificação da carteira (71%) e a isenção de Imposto de Renda (54%).
Em relação aos imóveis físicos, 64% dos investidores possuem ativos residenciais ou comerciais, sendo que 70% demonstraram interesse por imóveis residenciais.
Tendências em 2024
O mercado de imóveis em 2024 foi marcado pela adoção de tendências como o aumento da demanda por imóveis compactos, a busca por soluções sustentáveis e a crescente influência da inteligência artificial nas escolhas do consumidor. Imóveis mais eficientes em termos de espaço e energia estão atraindo mais compradores, especialmente no contexto da crescente valorização de construções verdes.
Indicadores econômicos
Os indicadores econômicos também desempenharam papel fundamental no desempenho do setor imobiliário em 2024. O Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) acumulou uma alta de 6,33%, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve uma variação de 4,87%, e o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar) registrou uma alta de 8,75%.
Impactos da Reforma Tributária
A Reforma Tributária, implementada em 2024, trouxe mudanças significativas para o setor. A nova alíquota do IVA, que varia entre 21% e 22%, afetou a tributação sobre aluguéis e vendas de imóveis, aumentando os custos. O ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis) também sofreu alterações, o que gerou maior insegurança jurídica no processo de compra e venda de imóveis. No entanto, a inclusão de um Redutor Social de até R$100 mil nas vendas de imóveis novos trouxe um alívio para alguns compradores.
Minha Casa Minha Vida
O programa Minha Casa Minha Vida passou por ajustes importantes em 2024, com mudanças nas cotas de financiamento e exigência de maior entrada para os compradores. A redução da cota de financiamento do Sistema de Amortização Constante (SAC) de 80% para 70% e a cota do Sistema Price de 70% para 50% afetaram o acesso ao crédito para muitas famílias. O limite de financiamento para imóveis pelo SBPE foi estabelecido em R$1,5 milhão, o que restringiu o alcance do programa em algumas regiões.
O que esperar para 2025?
Em 2024, o mercado imobiliário brasileiro demonstrou resiliência frente a desafios econômicos e mudanças nas políticas fiscais. As vendas de imóveis cresceram, a intenção de compra se manteve sólida e os investidores seguiram apostando no mercado, especialmente em Fundos Imobiliários. A reforma tributária e as novas condições de financiamento podem gerar dificuldades, mas também abrem espaço para inovação e adaptação ao novo cenário. Para 2025, espera-se que o mercado continue sua trajetória de recuperação, com maior foco em sustentabilidade e na transformação digital.
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Por: Flavia Barbosa