Em pesquisa realizada pela Brain, uma consultoria especializada no mercado imobiliário, um segmento surpreendeu: as vendas de lançamentos de luxo e superluxo na cidade de São Paulo, teve um aumento de 129% no período de janeiro à setembro, em comparação ao mesmo período de 2020. Foram 4.217 unidades vendidas.
Atualmente, a fatia que esses lançamentos de luxo representam é de 8,5% do mercado total de lançamentos, um número recorde ante aos 5,8% do ano passado. O maior número registrado até então, havia sido em 2019, de 7,8%.
Vale ressaltar que o valor geral de vendas dos imóveis de luxo alcançou R$9,4 bilhões até setembro deste ano, quase dobrando o valor do mesmo período do ano passado.
O que diferencia o “luxo” do “superluxo”?
Fabio Araújo, sócio da consultoria Brain, explica que a diferenciação se dá pelo preço. Os imóveis de luxo para o mercado de São Paulo são aqueles negociados acima de R$1 milhão, já os de superluxo, acima de R$2 milhões.
Estima-se que os prédios de luxo sejam acessíveis apenas para 5% da população brasileira, já os de superluxo, para somente 1%.
Segundo Araújo, o crescimento desse segmento no mercado, especialmente de luxo, deve-se à uma equação formada pelo efeito da pandemia, as famílias repensaram sua relação com a moradia e começaram a buscar imóveis maiores. Além disso, em 2020 a taxa de juros atingiu a mínima histórica, o que levou muita gente a comprar um imóvel novo.
A Capital Paulista tem hoje 13 empreendimentos com valor superior a R$60 mil pelo metro quadrado. Essas unidades estão concentradas em bairros nobres como Jardins, Vila Nova Conceição e Moema, segundo a consultoria.
Mas não é só em São Paulo que acontece essa crescente procura por imóveis de luxo. No Rio de Janeiro a construtora Gafisa conta que bateu um recorde ao cobrar quase 30 milhões em um apartamento no bairro do Leblon, cerca de R$100 mil o metro quadrado. As empresas veem esses empreendimentos como “objetos do desejo”.
“Esse cliente é viajado, frequenta ótimos hotéis e espera uma sensação e experiência em tudo o que consome”, diz Piero Sevilla, diretor de incorporação e negócios da Cyrela.
Sevilla ainda reforça que esse cliente também busca flexibilidade: hoje, a construtora já oferece dez modelos de plantas para uma mesma unidade, todas desenhadas pelo arquiteto responsável pelo empreendimento.
Para Antonio Setin, presidente da construtora Setin, essa fatia do setor de luxo e superluxo só tende a crescer, pois está surgindo um novo perfil de compradores a serem cobiçados: “Vemos alguns jovens ficando ricos cada vez mais cedo, muito fruto da área de tecnologia e fintechs”.
Fonte: Exame