No ano passado, os lançamentos e vendas de imóveis novos no Brasil registraram uma queda em comparação com os números de 2022. De acordo com dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) na segunda-feira (26), os lançamentos diminuíram 11,5%, enquanto as vendas tiveram uma queda de 1,4%.
Apesar disso, a Cbic considera que a comercialização se manteve “estável”, argumentando que a diferença é estatisticamente pequena. Em 2023, foram vendidas 322,8 mil unidades novas, contra 327,5 mil em 2022.
A queda nos lançamentos de imóveis segue um período de aumento significativo na produção, que passou de 254,2 mil em 2020 para 371,7 mil em 2021. Durante a pandemia, a taxa básica de juros da economia, a Selic, atingiu o patamar de 2% ao ano, o que resultou em uma redução nos custos do financiamento imobiliário. Além disso, a restrição de gastos com outros itens e serviços devido às medidas de isolamento também incentivou a compra de imóveis, já que a vacinação contra a Covid-19 só se tornou amplamente disponível a partir do meio de 2021.
O aumento da taxa Selic para 13,75% ao ano em meados de 2022 impactou diretamente o mercado imobiliário, elevando as taxas de financiamento para mais de 11% em 2023. Esta alta tornou a compra de imóveis mais custosa, resultando em uma desaceleração nas vendas e nos lançamentos imobiliários. Em 2022, o volume de lançamentos já apresentava uma queda de 3%, totalizando 331 mil unidades, e no ano seguinte, esse número diminuiu ainda mais, para 293 mil unidades.
Espera-se que o movimento de queda nas taxas de financiamento comece apenas no terceiro trimestre deste ano, o que pode impactar positivamente o mercado, estimulando novos lançamentos e reaquecendo as vendas.
Há otimismo entre as incorporadoras de que a situação começa a mudar. Em coletiva de imprensa na segunda, Renato Correia, presidente da Cbic, afirmou que ocorre o começo da inversão da curva. O quarto trimestre do ano passado terminou com lançamentos 20,7% maiores do que no período imediatamente anterior.
Retração no Minha Casa, Minha Vida
Em 2023, os números referentes aos lançamentos e vendas de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) registraram uma queda em relação ao ano anterior. Houve uma diminuição de 3,1% nos lançamentos e uma queda de 17,6% nas vendas. O economista Celso Petrucci, associado à Cbic, atribui esse declínio ao fato de que o programa habitacional só começou a ganhar força a partir do meio do ano. O MCMV, uma iniciativa da gestão de Lula (PT), assumiu a presidência no ano anterior, substituindo o programa Casa Verde e Amarela, da gestão Bolsonaro (PL).
A partir de julho, foram implementados subsídios maiores para compradores de imóveis e um valor limite maior para as unidades. Petrucci observa que o governo estava em processo de recomposição durante esse período. No entanto, houve uma leve reação no terceiro trimestre e uma significativa reação no quarto trimestre do ano.
No último trimestre de 2023, os lançamentos do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) aumentaram, registrando um crescimento de 14,7% em relação ao final de 2022 e um impressionante aumento de 26,5% em comparação com o terceiro trimestre do mesmo ano. As vendas também acompanharam essa tendência de alta, apresentando um aumento de 4% durante esses períodos.
Para o ano de 2024, a entidade responsável pelo MCMV projeta um crescimento entre 5% e 10% tanto nos lançamentos quanto nas vendas dentro do programa. No entanto, para os demais segmentos do mercado imobiliário, a expectativa é de estabilidade ou um crescimento mais modesto, de até 5%
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Informações retiradas de Ana Luiza Tieghi à Valor Econômico