Com a alta da Selic e o encarecimento do crédito imobiliário, financiar um imóvel em São Paulo exige uma renda cada vez maior. Levantamento do Estadão com dados da plataforma Loft revelou a renda mensal necessária para financiar um imóvel em 2,5 mil ruas da capital Com a alta da Selic e o encarecimento do crédito imobiliário, financiar um imóvel em São Paulo exige uma renda cada vez maior. Levantamento do Estadão com dados da plataforma Loft revelou a renda mensal necessária para financiar um imóvel em 2,5 mil ruas da capital paulista – e os valores impressionam.
Na rua mais valorizada da cidade, Galeno de Revoredo (Itaim Bibi), o comprador precisa ganhar pelo menos R$ 447,3 mil por mês para financiar um imóvel de R$ 12,8 milhões. Já na Rua do Bosque (Bom Retiro), que teve o maior número de transações nos últimos seis meses, a renda mínima exigida é de R$ 16,7 mil, considerando o preço médio de R$ 477,4 mil por imóvel.
Segundo Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft, a ferramenta Financiômetro ajuda os compradores a entenderem melhor as condições de crédito na cidade:
“O Financiômetro mostra as condições gerais para financiamento nas ruas, um dado importante especialmente após o início do aumento dos juros. Claro que há variação importante de preço dos imóveis dentro de cada região, mas a ferramenta traz uma ideia geral da situação para o comprador, o que acelera a procura pelo imóvel.”
Entrada maior e crédito mais caro
Além da renda elevada, quem deseja financiar um imóvel em São Paulo precisa ter mais dinheiro para dar de entrada. Com a alta da Selic, os bancos aumentaram as exigências para novos contratos. A Caixa Econômica Federal, responsável por 70% dos financiamentos no Brasil, passou a exigir 30% de entrada na tabela SAC (antes era 20%) e 50% na tabela Price (antes era 30%).
Isso significa que, para comprar um imóvel de R$ 400 mil, o comprador precisa ter pelo menos R$ 120 mil para dar de entrada. Antes, o valor exigido era de R$ 80 mil.
Para o ex-vice-presidente de habitação da Caixa, José Urbano Duarte, esse cenário afasta a classe média do mercado imobiliário:
“Quando há uma taxa de juros mais alta ou uma cota de financiamento menor, significa duas coisas: ou você precisa de uma renda maior para comprar o mesmo imóvel, ou precisa ter um volume de recurso próprio, uma poupança própria, para fazer frente a uma entrada maior do que tinha até então.”
Imóveis continuam subindo de preço
Mesmo com as dificuldades para financiar, os preços dos imóveis seguem em alta. Segundo o índice FipeZap, o metro quadrado em São Paulo subiu 6,56% em 2024 e já avançou 0,8% nos primeiros meses de 2025, chegando a R$ 11.472.
Além disso, a redução de recursos na poupança, principal fonte de financiamento imobiliário, forçou construtoras a recorrerem a alternativas de crédito mais caras, como LCIs e LIGs, cujos custos acompanham a Selic. Com isso, o crédito imobiliário encareceu ainda mais, sendo repassado aos compradores.
Segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), o volume de financiamentos via SBPE caiu de R$ 186,7 bilhões em 2024 para uma projeção entre R$ 150 bilhões e R$ 160 bilhões em 2025, uma redução de 15% a 20%.
Classe média é a mais afetada
Enquanto consumidores de alta renda continuam comprando imóveis como investimento e negociam diretamente com construtoras, a classe média encontra mais dificuldades para financiar a casa própria.
Com a Selic alta, as exigências dos bancos aumentaram, e programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida não atendem famílias com renda acima de R$ 8 mil, que também não têm o capital dos investidores de alto padrão.
Diante desse cenário, especialistas recomendam cautela. Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac, o ideal é adiar a compra, aumentar o valor da entrada ou optar por um financiamento de prazo menor:
“Quanto mais longo o financiamento, mais juros precisam ser pagos. Em prazo menor, você não economiza, mas paga menos juros. Passando o financiamento de 35 para 20 anos, por exemplo, você pagará bem menos juros.”
Se você pretende comprar um imóvel em São Paulo, a principal recomendação é pesquisar bem as taxas de financiamento entre os bancos e avaliar se sua renda realmente comporta as parcelas dentro do limite de 30% do orçamento familiar.
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Informações retiradas de Lucas Agrella ao Estadão