O coração de São Paulo atrai aqueles que buscam conveniência no transporte público e acesso rápido aos principais pontos da cidade. No entanto, a escassez de terrenos tem impulsionado o processo de retrofit, onde prédios corporativos antigos são revitalizados para moradia. Com incentivos fiscais, a cidade pretende atrair investimentos imobiliários, especialmente no bairro Vila Buarque, visando revitalizar o centro e atrair mais moradores para a região.
Guil Blanche, presidente e fundador da Planta.Inc, uma empresa especializada em retrofit, revelou que a atuação da empresa está focada na região da capital paulista. Até o momento, a empresa realizou oito projetos de retrofit na cidade, sendo que quatro deles já foram concluídos, incluindo o Edifício Renata Sampaio Ferreira. Este edifício, que possui 13 pavimentos, foi adaptado para abrigar 93 apartamentos disponíveis para locação, com aluguéis na faixa de R$9 mil mensais.
Especialistas comentam
Blanche argumenta que há uma grande quantidade de prédios no centro expandido de São Paulo, construídos antes dos anos 1990, que não se adequam mais ao modelo contemporâneo de trabalho, muitos dos quais estão vazios ou subutilizados.
O retrofit, segundo Blanche, emerge como uma alternativa mais viável comercialmente do que a demolição para renovar edifícios existentes. Ela destaca a vantagem econômica e ambiental dessa abordagem, ressaltando que o retrofit pode reduzir as emissões de CO2 em até 70%. Blanche enfatiza que cada caso é único, e que o retrofit muitas vezes supera a demolição, pois permite manter o potencial construtivo do passado, incluindo questões como altura e recuo.
A estratégia de alugar, em vez de vender, os apartamentos do edifício visa atrair dois públicos específicos: turistas que desejam uma experiência de vida na cidade e pessoas que necessitam de moradia na capital por até 90 dias.
A Prefeitura de São Paulo está impulsionando um programa de retrofit no centro da cidade, com mais de 30 projetos já apresentados e 14 aprovados, recebendo incentivos como isenções fiscais e redução de taxas municipais. Seis projetos adicionais estão em análise na primeira fase do programa Requalifica Centro, que oferece até 25% do valor das obras de requalificação de prédios na região.
Prefeitura comenta
O prefeito Ricardo Nunes assinou um decreto no ano passado concedendo uma subvenção de R$1 bilhão para o programa, visando atrair investimentos do setor imobiliário para o centro da cidade. O secretário da Casa Civil, Fabrício Cobra, destacou os esforços para aumentar a segurança pública na área central, incluindo aumento do efetivo da Guarda Civil Metropolitana e instalação de câmeras de monitoramento. Ele também mencionou uma redução significativa no número de usuários de drogas na Cracolândia, de 4 mil para 1 mil, resultado dos esforços das últimas gestões públicas.
Apesar dos esforços de retrofit e construção de prédios no centro de São Paulo, a facilidade de acesso ao transporte público não tem sido suficiente para atrair moradores. Embora a região conte com diversas estações de metrô e linhas de ônibus, dados da DataZap revelam que o preço médio de compra e venda de imóveis nos bairros centrais da capital paulista cresceu em ritmo menor do que a média da cidade. De janeiro de 2020 a janeiro de 2024, o preço médio do metro quadrado de imóveis residenciais em São Paulo aumentou 18%, enquanto nos bairros do centro esse aumento foi de apenas 9,89%.
o Bom Retiro se tornou o bairro com o preço mais baixo por metro quadrado na cidade de São Paulo, com valores chegando a R$6.603. Essa posição foi anteriormente ocupada pela Sé. Além disso, a região central está testemunhando uma transformação, com vários prédios sendo reformados e convertidos em moradias. Um exemplo é o Basílio 177, antigo prédio da Telesp, que oferecerá 274 apartamentos com tamanhos variando de 35 m² a 130 m², com preços a partir de R$1,3 milhão.
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Informações retiradas de Lucas Agrela à Estadão