A construção civil no Brasil enfrenta desafios em 2023, de acordo com dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Após uma projeção inicial de crescimento de 2,5%, revisada para 1,5% em julho, o setor agora enfrenta a perspectiva de encerrar o ano com uma queda de 0,5%. No terceiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) da construção registrou uma preocupante queda de 3,8% em relação ao trimestre anterior, marcando o pior desempenho desde o segundo trimestre de 2020.
A desaceleração é atribuída a diversos fatores, incluindo os altos juros, o baixo estoque, custos elevados e o fim da desoneração, que resulta em um encarecimento da mão de obra. O presidente da CBIC, Renato Correia, destaca que a perspectiva para 2024 inclui um aumento no preço dos imóveis acima da inflação, impactado por esses desafios setoriais.
O que dizem os especialistas?
O desempenho aquém do esperado na construção civil, segundo especialistas, é atribuído às elevadas taxas de juros no país e ao término do ciclo de pequenas obras e reformas iniciado durante a pandemia. A demora na divulgação das novas regras do programa Minha Casa, Minha Vida também impactou negativamente.
Contudo, o setor foi impulsionado por obras de infraestrutura, como saneamento e construção de rodovias e estações de metrô. O ano de 2024, marcado por eleições municipais, aqueceu o segmento, resultando na contratação de quase 30% mais profissionais entre janeiro e outubro em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Apesar de ser inferior a 2021 e 2022, que foram anos recordes para o mercado imobiliário, a construção civil criou 254 mil novas vagas nos primeiros dez meses do ano, sendo o terceiro melhor resultado desde 2012. São Paulo liderou a geração de empregos nos três segmentos da construção: construção de edifícios, serviços especializados e obras de infraestrutura.
Novos empregos
A indústria da construção, representando 6% dos trabalhadores com carteira assinada, gerou mais de 14% dos novos empregos formais até outubro deste ano no Brasil, segundo dados do Caged. O CUB (Custo Unitário Básico) mensal, utilizado para reajustar o preço em contratos imobiliários, indica um aumento de aproximadamente 15% nos custos com mão de obra em Goiás, impulsionado pelo boom imobiliário.
Com a poupança, uma importante fonte de financiamento, projetada para encerrar o ano de 2023 com perdas próximas a R$100 bilhões devido à alta taxa de juros. No período de janeiro a outubro de 2023, o número de unidades financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) diminuiu em 32,70%, enquanto aquelas financiadas pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) aumentaram em 30,16% em comparação com o mesmo período de 2022.
Para o ano de 2024, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) prevê um crescimento modesto de 1,3%. Essa expectativa está baseada na perspectiva de redução contínua da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central, e na antecipação de novos lançamentos pelo programa Minha Casa, Minha Vida, assim como em obras pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No entanto, a entidade destaca desafios como o ritmo mais lento de crescimento da economia, baixos investimentos, endividamento das famílias e a persistência de juros em níveis elevados, apesar da tendência de queda.
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Informações retiradas de Ana Paula Branco à Folha de S.Paulo