Parece que a especulação imobiliária de terrenos no metaverso está sofrendo um baque inesperado. O preço médio teve uma queda de 85% e, ao que tudo indica (pelo menos por enquanto), o maior motivo é mesmo a falta de interesse. Acrescente a isso o mercado em baixa das criptomoedas e está completa a receita de estouro da bolha imobiliária no mundo virtual.
Ainda assim, um terreno “na periferia do metaverso” pode custar o equivalente a R$30 mil, como sugeriu a designer Rita Wu em um recente podcast na CNN que viralizou nas redes sociais. E a empresa de consultoria estratégica McKinsey continua prevendo um mercado imobiliário virtual de US$5 trilhões até 2030.
Mas afinal, o que está acontecendo com os terrenos no metaverso que faziam tanto sucesso de vendas até tão pouco tempo?
O que está por trás da desvalorização dos terrenos no metaverso?
Passada a euforia com a novidade e os valores milionários, o cenário mudou bastante em poucos meses. Segundo a WeMeta, os projetos construídos na blockchain Ethereum são os que mais sofreram queda de preço. E inclui-se aí os cobiçados metaversos Sandbox e Decentraland.
De acordo com a plataforma, o preço médio por parcela dos terrenos virtuais nos seis principais projetos de metaverso Ethereum despencou 85% desde o início de 2022. E a média negociada passou de US$17 mil em janeiro para cerca de US$2,5 mil agora em agosto.
Assim, no Sandbox, por exemplo, os valores que estavam em torno de US$35,5 mil em janeiro agora estão custando cerca de US$2,8 mil. Já no Decentraland, em março desse ano, um “terreno básico”, de 16m x 16m na “periferia do metaverso”, custava o equivalente a R$30 mil.
É o que sugeriu a arquiteta, designer, apresentadora e especialista em tecnologia Rita Wu, causando certo furor nas redes sociais na 18ª edição de “No Lucro”, podcast da CNN. Segundo ela, o preço foi levantado justamente por ocasião dos preparativos de seu casamento com André Mertens.
Por sinal, o casamento dos dois brasileiros foi o primeiro do Brasil a acontecer no universo digital. Os convidados receberam NFTs como lembrança e a aliança digital foi criada como um donut cravejado de diamantes com preço atrelado a um criptoativo que segue a mesma cotação da pedra preciosa no mercado.
Mercado de criptomoedas colabora para a queda
E por falar em cirptoativos, tudo bem, o mercado de criptomoedas não está lá em seus melhores momentos. Muito por conta do contexto macroeconômico e geopolítico mundial. Mas também por influência da falta de regulamentação do setor.
Portanto, é claro que isso também influencia no preço dos terrenos no metaverso. Para se ter uma ideia, no primeiro semestre de 2022 o bitcoin chegou a recuar mais de 54% e o ethereum tombou 67%.
Só que com a aguardada Fusão (The Merge) para o ethereum 2.0, marcada para 19 de setembro, a expectativa é grande. Tanto que, em julho, chegou a acumular alta de 50%.
Mas para os especialistas, essa alta é, realmente, pura especulação. Afinal, quando a Fusão chegar não vai haver mais ethereum no mercado. E como tem muita gente com ETH travado que provavelmente vai querer vender, a expectativa é que logo após a Merge ocorra uma queda bastante significativa.
Movimento na bolsa também está fraco
Só que essa queda nos preços mostra também um outro fator: o interesse pelos projetos no metaverso está esmorecendo rapidamente. O volume médio semanal de terrenos (derivados em moeda) negociados caiu de US$1 bilhão em novembro de 2021 para US$157 milhões em agosto de 2022.
Caíram também as avaliações de mercado dos tokens de metaverso em circulação (+ de 80%). E o fundo negociado em bolsa Roundhill Ball Metaverse (METV) está afundando ao lado de projetos do mundo virtual focados em blockchain (45%).
E, a julgar pela reação dos internautas ao podcast de Rita Wu, ainda falta muito para o grosso da população levar a sério a compra de terrenos virtuais.
Comércio eletrônico deve dar gás ao metaverso
Mesmo assim, a McKinsey continua firme na projeção de que o metaverso vai valer cerca de US$ 5 trilhões até 2030. Para a empresa, dois setores impactarão fortemente esse resultado. O e-commerce (entre US$2 trilhões e US$2,6 trilhões, e o aprendizado virtual acadêmico(entre US$180 bilhões a US$270 bilhões).
Se os cálculos da empresa estiverem certos, talvez essa seja mesmo uma boa hora para aproveitar a queda no preço dos terrenos no metaverso para investir. As apostas estão abertas.
Fonte: Cointelegrapg e Núcleo