A tendência de aumento no preço dos imóveis não está restrita ao Brasil, essa é uma questão global justificada pela pandemia. Durante a crise sanitária, 3 foram os fatores que favoreceram a demanda no mercado imobiliário:
- A queda nos juros utilizadas para amenizar os efeitos da crise foi responsável por baratear os financiamento;
- As restrições de distanciamento e lookdown impediram as classes mais altas de viajarem ou realizar atividades de lazer, o que por sua vez promoveu o acúmulo de poupança;
- A modalidade de trabalho home office também incentivou as pessoas a cuidarem de suas casas e buscarem um ambiente de trabalho mais confortável.
Portugal apresentou um salto nos preços de imóveis, que já vinham crescendo desde 2014, sobretudo após entrar em vigor a política de “Golden Visa”, que possibilitou aos estrangeiros que adquirirem propriedade no país, solicitar nacionalidade portuguesa.
Nos Estados Unidos a alta dos preços preocupa profissionais do setor, que temem a formação de uma nova bolha imobiliária já vista na crise financeira de 2008.
No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau anunciou no mês passado que estrangeiros estão proibidos de adquirir imóveis no país por pelo menos dois anos. Essa medida é uma tentativa de conter o aumento dos preços, que dificulta a aquisição para muitas famílias canadenses.
Maior alta em 18 anos
O último trimestre de 2021 foi marcado pelo maior aumento dos preços de imóveis em 18 anos, segundo análise da consultoria Knight Frank, empresa especializada no setor imobiliário e que atualmente conta com mais de 500 escritórios pelo mundo.
Das 150 cidades monitoradas, 140 apresentaram aumento, contra 122 apresentadas no ano de 2020.
O valor médio dos imóveis vendidos nos locais pesquisados cresceu 11% em relação ao mesmo período do ano anterior, o maior percentual desde o quarto trimestre de 2004, conforme mostra o último relatório do Índice Global Residential Cities, com periodicidade trimestral.
Na região turca houve um aumento expressivo dos preços. A Turquia lidera o ranking (63%), seguida da cidade de Izmir (58,5%) e Ancara (55,9%).
Nos Estados Unidos, a cidade com maior salto nos preços foi Phoenix (32,5%), que ocupa o 5º lugar do ranking, seguida por Miami (27,4%, 8ª posição), Dallas (26%, 9ª posição) e San Diego (25,4%, 10ª posição).
São Paulo e Rio de Janeiro, as cidades brasileiras que compõem o índice, estão na parte final da lista, na 121ª e 129ª posições, respectivamente, com altas de 4,4% e 2,2% nos preços.
Um êxodo diferente
O aumento dos preços observado no fim do ano passado também ocorreu devido ao ‘renascimento’ observado em algumas cidades após dois anos de pandemia, conforme a chefe de pesquisa residencial internacional da Knigh Frank, Kate Everett-Allen.
Em países com maior desenvolvimento econômico, muitas pessoas deixaram os grandes centros urbanos e, em função da flexibilidade oferecida pelo home office, migraram para cidades menores e até mesmo áreas rurais. Essa migração foi motivo de preocupação sobre qual seria o futuro das grandes cidades.
“Mas, desde a primavera de 2021, cerca de um ano atrás, começamos a ver muita gente voltando para as cidades em busca da conectividade, da oferta de cultura, dos teatros, dos restaurantes”, comenta Everett-Allen, referindo-se especialmente às nações ricas fora da Ásia. No continente asiático, em locais como China, Hong Kong e Cingapura, a maioria das pessoas se manteve nas grandes cidades.
“Aqui em Londres, há pessoas que compraram um segundo imóvel no interior, por exemplo, e hoje, com o trabalho híbrido, passaram a usá-lo no home office uma parte da semana, enquanto passam os demais dias por aqui”, diz.
Fonte: Correio Braziliense