No último mês de dezembro, o Conselho Monetário Nacional aprovou uma mudança normativa significativa nas regras para operações de crédito imobiliário. A partir dessa revisão, as instituições financeiras estão autorizadas a exigir a contratação de seguros prestamistas em empréstimos com garantia de imóveis. Essa garantia cobre riscos como morte, invalidez permanente e danos ao imóvel, inicialmente se apresentando como uma proteção aos mutuários e suas famílias. No entanto, essa novidade também levanta questões importantes sobre o seu verdadeiro impacto a esse modelo de crédito.
Embora a inclusão do seguro represente, inicialmente, uma forma de segurança, também traz consigo custos adicionais significativos para o contratante. Os valores adicionais podem, inclusive, ajudar a inviabilizar operações, especialmente para mutuários com idade mais avançada, que tendem a receber taxas ainda mais altas diante desse tipo de cobertura, ou com limitações financeiras.
Tal movimento, acabou colocando em xeque a atual atratividade do HomeEquity como ferramenta para reorganização financeira a partir da aquisição de crédito com garantia imobiliária. Contudo, por mais que a novidade tenha acendido um novo alerta, é válido ressaltar que a modalidade já possuía alguns fatores pouco benéficos do ponto de vista do contratante.
O primeiro a ser considerado é o rigor da análise exigida para a concessão desse tipo de operação. Clientes interessados em acessar o HomeEquity devem comprovar uma renda ativa sem comprometimento, bem como demonstrar capacidade financeira de pagamento das parcelas. Para aqueles que buscam capital rápido ou estão em situação financeira delicada, com apontamentos restritivos, esse requisito pode ser um obstáculo intransponível, reduzindo drasticamente as possibilidades de acesso à operação.
Outro fator significativo é a indexação das parcelas do HomeEquity. Geralmente, os pagamentos são corrigidos por taxas de juros ou índices como IPCA ou IGP-M, expondo o contratante a variações e oscilações significativas no saldo devedor. Essa vulnerabilidade pode resultar em um aumento expressivo do custo total da dívida, impactando negativamente a previsibilidade financeira do contratante.
Os custos associados ao HomeEquity também são um ponto de atenção. No cenário atual, o valor médio liberado da operação é de aproximadamente 50% do valor do imóvel. Vale dizer ainda que, as instituições financeiras atualmente disponibilizam, em média, apenas entre 30% e 50% do valor da propriedade como crédito. Para muitos, essa relação custo-benefício pode não justificar os riscos e os altos compromissos financeiros mensais assumidos.
Ademais, há o risco concreto de perda do imóvel em caso de inadimplência das parcelas mensais. Como a propriedade funciona como garantia, a lei prevê a execução do bem diante da não quitação da dívida. Para aqueles que desejam reorganizar suas finanças, esse risco acaba sendo especialmente preocupante, caso não seja feito de forma planejada.
Fato é que, atualmente existem alternativas de mercado bem mais vantajosas no que diz respeito à liquidez imobiliária. As novas opções muitas vezes oferecem custos mais competitivos, melhores condições de disponibilidade de valores e avaliação do imóvel, além de suporte e consultoria jurídica e financeira para renegociação de dívidas, sem custo adicional. Sendo assim, ao contrário do HomeEquity, essas possibilidades mais atuais acabam percebidas como bem mais adequadas à realidade daqueles que buscam reorganização financeira sem os altos riscos, burocracia e custos envolvidos nas operações.
Portanto, antes de optar pela modalidade, é essencial avaliar cuidadosamente as condições comerciais da operação. Embora tenha suas vantagens em determinados cenários, tal modalidade de crédito com garantia imobiliária pode não ser a solução ideal para todos, especialmente para aqueles que estão à procura de capital em busca da segurança e previsibilidade financeira.
- Daniel Gava, CEO e fundador da Rooftop, proptech pioneira e única no Brasil a realizar liquidez imediata de imóveis residenciais de alto padrão.
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Informações cedidas por Daniel Gava