O recente corte da taxa Selic para 12,25%, decidido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), ainda não refletiu diretamente nos juros do financiamento imobiliário. O impacto pode levar um tempo para ser percebido, mas mudanças são previstas com os próximos cortes. Veja o que dizem os especialistas.
Selic abaixo de 2 dígitos
Segundo Angelo Ferraretto, diretor de gestão da Integral Brei, sugere que as taxas de financiamento tendem a diminuir de maneira mais evidente quando a Selic atinge valores abaixo de um dígito.
Fator de risco
Fatores de risco também influenciam na decisão do Banco Central de diminuir ou não as taxas de juros. Segundo Vitor Oliveira, especialista em planejamento patrimonial da One Investimentos, a guerra em Israel, o conflito entre Rússia e Ucrânia, a Reforma Tributária e arcabouço fiscal no Brasil trazem incertezas ao cenário mundial atual e, por isso, dificultam a redução nas taxas.
Lei da oferta e procura
Marcelo Tapai, especialista em Direito Imobiliário e Sócio do Tapai Advogados, é preciso um tempo de maturação para que o mercado perceba uma alteração nas taxas de financiamento. De modo curioso, ele observa que quando a taxa Selic sobe, a taxa de financiamento imobiliário tende a acompanhar esta subida mais rapidamente, o que não acontece no movimento de descida.
O especialista também defende que um cenário de mercado aquecido e pouca concorrência entre bancos tende a gerar mais demanda do que oferta. “Enquanto houver interessados em pegar esse dinheiro emprestado com a taxa que o banco está praticando, o banco fica acomodado e provavelmente não vai mexer nisso tão cedo”, explica ele.
Saques na poupança
Peixoto Accyoli, CEO e presidente da RE/MAX Brasil, destaca que a redução das taxas de financiamento imobiliário depende de fatores além da taxa Selic. Ele explica que, uma vez que a maior parte dos recursos para financiamento vem da poupança, as retiradas dessa modalidade impactam diretamente no crédito disponível.
Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), dados revelam que, até agosto deste ano, houve saídas líquidas de recursos em todos os meses, exceto junho. O saldo acumulado apresenta uma queda de R$72 bilhões. Em 2023, o financiamento proveniente da poupança atingiu R$114,6 bilhões, registrando uma redução de 16% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Accyoli ressalta a importância de considerar esses aspectos para compreender o cenário das taxas de financiamento.
Afinal, agora é um bom momento para comprar imóveis?
Levando em consideração que a Selic ainda se encontra em patamares elevados e o Banco Central sinaliza novos cortes, na opinião de Ferrareto e Oliveira, o mais vantajoso, neste momento, é investir o dinheiro.
Ferrareto pontua “Quando os juros estão altos, o capital está caro, mas normalmente os imóveis estão baratos, isso tende a desvalorizar o imóvel. E o contrário também é verdade, quando os juros estão baixos, o dinheiro está barato, mas os imóveis normalmente são caros, então fica meio que um trade-off.”
Ainda segundo ele, caso a compra do imóvel seja feita em um momento de juros altos, quando os juros caírem, o comprador pode fazer um interveniente quitante.
“Você vai em outro banco e substitui a dívida por uma taxa mais baixa, é possível fazer isso. Ou pode, ao longo do tempo, amortizar as parcelas, o que vai reduzindo drasticamente os juros futuros. Então, não necessariamente precisa esperar a taxa de juros estar super baixa para comprar um imóvel, porque se esperar os juros ficarem lá no chão, os imóveis vão estar mais caros.”
O Boletim Focus mantém a expectativa de que a Selic encerre 2023 em 11,75% e atinja 9,25% até o final de 2024.
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Informações retiradas de Exame por Rebecca Crepaldi.