O mercado imobiliário global segue saudável, mas quem investe em unidades compactas para locação de curta duração precisa ligar o sinal de alerta. Em entrevista à Folha de Vitória, Gustavo Favaron, CEO global e Managing Partner do GRI Group, analisou tendências, riscos e oportunidades para investidores em imóveis voltados ao modelo de short stay (locação de 1 a 15 dias).
Mercado imobiliário está maduro, mas exige atenção
Favaron foi direto: apesar dos desafios, não há crise nem bolha no mercado. “O mercado está bem saudável, não vejo crise ou bolha. Está em um estágio maduro, com desafios pontuais, mas nada de grande preocupação.” Segundo ele, a redução nos lançamentos de imóveis é apenas um ajuste para equilibrar oferta e demanda, em meio aos juros altos.
No entanto, ele chama atenção para a saturação de microapartamentos em algumas regiões, principalmente em grandes centros como São Paulo. “Existe sim uma superoferta de microapartamentos em algumas regiões do Brasil.”
Superoferta de imóveis no Airbnb derruba taxa de ocupação
Com a experiência prática de gerir 54 unidades voltadas para aluguel de curta duração pela Sofia Homes, Favaron confirma o que os dados mostram: o volume de microapartamentos para short stay explodiu.
Dados da plataforma AirDNA revelam que a oferta de imóveis no Airbnb cresceu 41% no Brasil em 12 meses. Porém, a demanda não acompanhou esse crescimento. Resultado? Queda na taxa média de ocupação, que passou de 65,3% em 2021 para apenas 43,2% em janeiro de 2025. O preço médio das diárias também caiu, de R$ 295 para R$ 250.
“Só não entende quem não quer, porque temos uma oferta muito maior — mais de 40% —, o que gera uma ocupação menor e tarifas mais baixas.”, destacou Favaron.
Cidades com maior impacto: Grande Vitória, Rio de Janeiro, Campinas e Salvador
Favaron citou casos como o da Grande Vitória, onde a oferta de imóveis para curta duração aumentou 56% em um ano. Um dos fatores foi a venda de unidades hoteleiras para investidores pessoa física, que converteram os quartos em apartamentos para aluguel no Airbnb.
Fenômeno semelhante ocorreu em outras cidades como Rio de Janeiro (38% de aumento), Campinas (41%) e Salvador (56%). Esse crescimento acelerado pressiona a rentabilidade dos investidores.
Investir em microapartamentos ainda vale a pena?
O cenário é desafiador para quem comprou microapartamentos acreditando em “rentabilidade garantida”. Com o financiamento imobiliário agora entre 12% e 14% ao ano, e o ticket médio de diárias em queda, o retorno esperado ficou bem abaixo do prometido em muitas vendas.
“O financiamento que parecia atrativo agora é muito mais caro, e os resultados estão bem abaixo do esperado.”, alertou Favaron.
Ele reforça que a gestão desses imóveis demanda muito mais profissionalismo. “Quem mantiver uma gestão profissional e souber se adaptar às novas condições do mercado sairá vitorioso. Daqui a dois ou três anos, quem souber operar bem terá grandes frutos.”
Oportunidades para quem pensa no longo prazo
Apesar dos desafios, Favaron vê oportunidade à frente. Ele acredita que, com a pressão financeira, muitos investidores irão vender seus imóveis, abrindo espaço para compras com desconto. A previsão é que 2026 será um ótimo momento para adquirir imóveis de curta duração.
“Daqui a um ano e meio, o mercado vai estar ótimo para comprar esses imóveis, porque os preços vão cair com investidores tentando vender.”
Favaron também aposta na profissionalização do mercado de aluguel por temporada. Empresas especializadas em gestão de propriedades tendem a ganhar espaço, enquanto investidores individuais, sem preparo, devem sair do setor.
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Informações retiradas de Luiz Stanger a Folha de Vitória