Recentemente, o mercado imobiliário dos Estados Unidos enfrenta um novo desafio: a alta taxa de vacância em prédios corporativos, atingindo cerca de 20%. Esse é o maior índice em 33 anos, levantando preocupações sobre a saúde econômica do país. Se todos os escritórios desocupados fossem reunidos, formariam um arranha-céu imaginário com 48.000 andares, equivalente a 300 prédios do tamanho do Burj Khalifa.
Esse cenário traz lembranças da crise de 2008, causada pelo estouro da bolha das hipotecas imobiliárias, que resultou em quebradeiras bancárias e prejuízos globais estimados em 2 trilhões de dólares.
A pandemia desencadeou um aumento nos níveis de vacância de escritórios em todo o mundo, à medida que o trabalho remoto se tornou predominante no mundo corporativo. Empresas como a Meta, proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciaram o esvaziamento de grandes espaços físicos, indicando uma mudança nas necessidades de espaço das empresas.
Mesmo com a reabertura pós-pandemia, o modelo de trabalho híbrido, combinando dias presenciais e remotos, se tornou a norma. O presidente do Federal Reserve dos Estados Unidos, Jerome Powell, descreveu essa mudança como uma “mudança secular na economia”, indicando uma transformação duradoura no ambiente de trabalho.
A desvalorização do mercado imobiliário em Los Angeles tem sido atribuída a uma combinação de fatores econômicos e políticas do Federal Reserve dos Estados Unidos. Desde março de 2022, o Fed tem aumentado as taxas de juros para conter a inflação, tornando os títulos públicos mais atraentes em comparação com os investimentos em imóveis. Isso resultou em uma queda no valor das propriedades, como evidenciado pela venda do Aon Center por 148 milhões de dólares em 2023, representando uma depreciação de 45% desde 2014.
Com 44% dos empréstimos relacionados a imóveis comerciais agora apresentando patrimônio líquido negativo, os proprietários enfrentam dificuldades para renegociar suas dívidas, já que estas excedem o valor dos imóveis.
A crise imobiliária nos Estados Unidos está atingindo principalmente os imóveis de padrão mais baixo, especialmente os escritórios de classes B e C. Randall Loker, sócio da Paladin Realty Partners, destaca que inquilinos grandes e pequenos estão reduzindo significativamente seus espaços de escritório.
Essa queda de valor dos escritórios está colocando em risco a saúde financeira de bancos regionais, que possuem uma dívida imobiliária acumulada de 560 bilhões de dólares com vencimento até 2025. Um relatório do Departamento de Pesquisa Econômica dos Estados Unidos alerta que até 300 bancos locais podem enfrentar insolvência se a situação continuar se agravando.
William Alves, estrategista-chefe da corretora Avenue, destaca as diferenças entre a crise atual e a crise de 2008, onde os grandes bancos foram os mais afetados. Ele aponta que, desta vez, a crise no mercado imobiliário corporativo não afeta diretamente as pessoas físicas.
No entanto, a alta taxa de vacância de imóveis corporativos não é exclusiva dos EUA, atingindo também outras regiões, como Londres, onde a desocupação está em cerca de 10%, o dobro da média histórica. Os proprietários de imóveis estão considerando converter esses espaços em residenciais, mas os altos custos e a incerteza tornam essa solução desafiadora. Enquanto isso, grandes cidades podem enfrentar o problema de edifícios comerciais vazios.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas de Camila Barros à Veja