Após uma crise no mercado imobiliário dos EUA causada pelo aumento acentuado das taxas de hipoteca e pela demanda impulsionada pela pandemia, o Banco Goldman Sachs relata uma estabilização em 2023, com recuperação nos preços das casas.
O Bank of America prevê o fim do ciclo de aumento rápido das taxas pelo Federal Reserve, indicando uma queda nas taxas de hipoteca, atualmente em 7,61%. No entanto, os analistas alertam que o mercado imobiliário não é favorável aos compradores devido à falta de acesso, e a situação de aluguel também não é ideal. Isso levanta a dúvida para os investidores sobre comprar ou alugar imóveis nos EUA.
Após a pandemia, tanto os preços de compra de imóveis quanto os aluguéis apresentaram aumentos significativos nos Estados Unidos. O Índice de Preços de Casas S&P CoreLogic registrou um aumento de 34% em comparação com fevereiro de 2020, enquanto a medida de aluguel da Zillow subiu 30%.
Em outubro, uma pesquisa de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan revelou que 77% dos consumidores consideravam um momento desfavorável para comprar uma casa. Entre as razões citadas, 62% destacaram as altas taxas de juros e a oferta limitada de crédito. Esses dados sugerem um cenário desafiador para os compradores de imóveis nos Estados Unidos, com fatores econômicos desfavoráveis influenciando a decisão de compra.
Alugar é mais barato
O custo de moradia nos Estados Unidos está em foco, com dados recentes indicando que, apesar do aumento nos custos de aluguel e propriedade, alugar permanece mais acessível do que ser proprietário. Os aluguéis representam agora 26% da renda mediana das famílias, enquanto os pagamentos de hipoteca cresceram para 32%. Uma análise do Bank of America revela que, até outubro, o aluguel era mais econômico em 95 das 97 principais áreas metropolitanas, mesmo considerando impostos sobre a propriedade.
A comparação mostra disparidades notáveis, com cidades como Los Angeles, San Jose e San Francisco apresentando pagamentos de hipoteca muito superiores em relação à renda do que os custos de aluguel. Em contraste, algumas cidades, incluindo Nova Orleans e Jackson, destacam-se como exceções, onde é mais barato comprar do que alugar. O debate sobre os desafios financeiros associados à habitação continua, com implicações significativas para diferentes regiões dos EUA.
Perspectivas
O mercado imobiliário está enfrentando uma mudança de cenário devido às atuais taxas de hipoteca mais baixas, o que é positivo para os compradores. No entanto, analistas do Bank of America (BofA) alertam que os compradores devem se preparar para um ambiente de taxas mais altas a longo prazo, pois o equilíbrio entre oferta e demanda pode levar tempo para se estabelecer.
O Goldman Sachs reforça essa perspectiva, prevendo que as taxas de hipoteca permanecerão elevadas, chegando a quase 7% até o final do próximo ano. A oferta limitada e as taxas mais altas estão afetando a demanda por imóveis, enquanto os preços das casas devem crescer 1,3% em 2024. No mercado de aluguel, um aumento contínuo na oferta pode ajudar a normalizar a inflação.
Os analistas alertam que o impacto mais pronunciado das taxas de hipoteca mais altas será sentido em 2024, com o volume de transações imobiliárias atingindo seu ponto mais baixo desde a década de 1990. Isso ocorre porque a maioria dos mutuários possui taxas de juros abaixo das atuais taxas de mercado, desencorajando a mudança para novos imóveis. Prevê-se um declínio nas vendas de casas existentes, atingindo o valor de US$3,8 bilhões.
Analistas do Bank of America preveem que, no curto prazo, as taxas de hipoteca permanecerão altas, mas antecipam uma mudança a partir de 2024, à medida que o Federal Reserve reduzir os juros. Espera-se um aumento gradual na atividade imobiliária, com vendas de casas existentes e novas aquecendo a partir do segundo semestre de 2024. O Goldman Sachs destaca o robusto crescimento de renda no próximo ano, favorecendo os domicílios de renda mais alta.
Quanto à oferta, a taxa de vacância para unidades de compra está no nível mais baixo registrado, enquanto a taxa de vacância para aluguel mostra sinais de recuperação, embora permaneça historicamente baixa. A construção ativa também é esperada para impulsionar o início da construção de moradias.
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Informações retiradas de Marília Almeida à Valor Investe