As recentes mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) no Brasil têm como objetivo viabilizar empreendimentos imobiliários que haviam perdido rentabilidade devido ao aumento nos custos dos materiais de construção nos últimos anos. A autorização para elevar o valor máximo das propriedades para R$ 350 mil, válido em todo o país, é considerada um importante estímulo para as incorporadoras aderirem a novos lançamentos.
Anteriormente, esse limite era de R$ 264 mil e aplicado apenas em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, enquanto nas demais cidades do país era ainda mais baixo.
Essa mudança terá um impacto prático na redução das taxas de juros para os compradores. Quando uma empresa possui um projeto com custo superior ao teto estabelecido, as unidades são comercializadas fora do MCMV, com juros mais altos. Porém, dentro do programa, os juros variam de 7,66% a 8,16% ao ano, considerando a faixa 3 do MCMV, destinada a famílias com renda mensal entre R$ 4,4 mil e R$ 8 mil.
Para os analistas do Credit Suisse Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga, isso deve provocar dois movimentos. Primeiro, alguns empreendimentos deverão ter os preços aumentados para aproveitar esse novo teto – o que deve ajudar a garantir um ganho de margem para as empresas. Segundo, outros projetos que estão fora do teto permitido no programa agora podem ser enquadrados.
“Acreditamos que as empresas terão seus mercados de atuação ampliados, o que pode se refletir em maiores velocidades de vendas e um ambiente mais favorável para ganhos de preços”, descreveram no relatório.
“As mudanças aprovadas estão no caminho correto. Tinha uma defasagem na produção por conta do teto do preço. E isso se aliviou”, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, em entrevista. “As empresas estavam com as margens comprimidas em função da elevação dos custos dos anos passados. Então, essa adequação foi vital. Vai voltar a ter produto na prateleira.”
O diretor de Relações Institucionais e Investidores da Cury, Ronaldo Cury, disse que a incorporadora voltará a desenvolver projetos em bairros onde os custos estavam altos e não havia chance de reajuste do valor dos imóveis porque o bolso dos consumidores não comportaria.
“Nos últimos anos, estava mais difícil encontrar terrenos com um preço que ficasse dentro do programa”, relatou. “Agora, voltaremos a olhar com carinho para São Gonçalo e a Baixada Fluminense, no Rio, e a região metropolitana de Campinas, em São Paulo. São lugares onde já estivemos, mas paramos de construir”.
Se a velocidade de vendas responder bem, a Cury pode até antecipar lançamentos do primeiro trimestre de 2024 para o quarto trimestre de 2023. “Talvez antecipar um, dois ou três lançamentos. Vamos ver”, afirmou o executivo.
A diretora de Incorporação da Plano & Plano, Renée Silveira, disse esperar um incremento relevante para o mercado como um todo. “O consumidor estava adiando a compra de imóvel mesmo necessitando. Ele estava resistente por conta dos juros altos”, observou.
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Informações retiradas de Estadão