Mesmo antes da implementação das novas regras para financiamentos imobiliários, prevista para 1º de novembro, os recursos já estão mais escassos na Caixa Econômica Federal. Contratos que aguardavam a liberação de crédito estão parados, alguns há mais de 50 dias, conforme relatado por correspondentes bancários e pela Folha de S.Paulo.
As novas diretrizes vão limitar o valor do imóvel financiado pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) a R$ 1,5 milhão, além de reduzir a cota de financiamento e exigir uma entrada maior. Pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), o financiamento cairá de 80% para 70%, enquanto pela Tabela Price será de apenas 50%, em comparação aos 70% anteriores.
O Impacto no Bolso dos Compradores
Com as novas regras, o comprador precisará dar uma entrada maior no imóvel. No sistema SAC, a entrada sobe de 20% para 30%, e no sistema Price chega a 50% do valor do imóvel. Essa mudança ocorre em meio a um cenário de retirada constante de recursos da poupança, que tem afetado a disponibilidade de crédito.
Escassez de Recursos e Aumento dos Juros
Com a redução na participação da poupança na reserva para empréstimos — que já respondeu por 70% do crédito imobiliário e agora representa apenas 34% — e a alta na taxa Selic, os bancos privados também estão elevando os juros. Segundo Alberto Ajzental, coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV, a escassez de recursos e os juros mais altos dificultam o acesso ao crédito para a casa própria.
Perspectivas de Financiamento e Demanda Crescente
Especialistas sugerem que os recursos para crédito imobiliário precisem vir de fundos de investimento, dada a alta inadimplência no setor, o que reduz o interesse de grandes investidores. Pedro Afonso Gomes, presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), alerta que esse contexto pode tornar o crédito ainda mais caro para os consumidores.
Nos últimos anos, a Caixa viu uma alta demanda por crédito imobiliário. Entre 2014 e 2024, o valor total emprestado pelo banco cresceu 40,6%, chegando a R$ 169,24 bilhões. Com uma carteira de crédito habitacional de R$ 800 bilhões e cerca de 7 milhões de contratos ativos, a Caixa segue como o maior financiador de imóveis no país, detendo 68% do mercado.
Em 2024, a Caixa já concedeu R$ 175 bilhões em crédito habitacional até setembro, um aumento de 28,6% em relação a 2023. Os financiamentos com recursos da poupança (SBPE) representam 48,3% do mercado, totalizando R$ 63,5 bilhões em operações neste ano. A instituição informou que, com o crescimento da demanda, sua carteira de crédito habitacional deve superar o orçamento projetado para 2024.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas de Anna França ao InfoMoney