O crédito imobiliário vai desacelerar este ano. Essa ideia é quase unânime entre os cinco maiores bancos do Brasil, se não fosse pela Caixa, a única instituição financeira que vai investir a fundo no setor com objetivo de expandir o crescimento em relação ao ano passado.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o financiamento imobiliário cresceu 46% em 2021. A Caixa, no entanto, não acompanhou esse ritmo e, como resultado, teve uma redução de 69,3% para 66,5%.
Diante disso, a meta para este ano é um crescimento de 20% no setor. No primeiro trimestre o banco fechou um recorde de R$34,4 bilhões em contratações, um aumento de 17,8% com relação ao mesmo período do ano passado, dos quais R$21,4 bilhões ocorreram pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
“O imobiliário continuará sendo a principal carteira da Caixa. Não faltarão recursos, e vamos continuar crescendo com recursos próprios”, disse o presidente do banco, Pedro Guimarães.
Em abril, a Caixa anunciou um pacote de medidas para facilitar o financiamento de construção por meio da reformulação do Plano Empresário e a carência em financiamentos oferecida aos compradores de imóveis.
Redução das taxas de financiamento
Com a Selic no patamar atual de 12,75% ao ano, as instituições financeiras privadas elevaram as taxas de juros de financiamento imobiliário. A Caixa vinha acompanhando essa tendência no mercado, até março, quando reduziu para 8,97% a taxa da linha atrelada à poupança contra 9% a 10% nas demais instituições.
Embora o cenário atual tenha trazido desafios para o banco e seus clientes, sobretudo pelo aumento de 0,55 ponto percentual da inadimplência na instituição, Guimarães afirma que esse ainda não é um motivo para preocupação e que o banco não tem acelerado a retomada dos imóveis, pois a prioridade é ajudar os clientes.
Essa iniciativa vai na contramão do que se observa nos bancos privados. É natural que, com os juros mais altos, os modelos de crédito dos bancos exijam uma comprovação de renda maior para aprovar financiamentos, o que desacelera quando os juros sobem.
No Bradesco, por exemplo, as aprovações do crédito imobiliário foram reduzidos pela metade entre o primeiro trimestre de 2021 e o mesmo período deste ano. Segundo o presidente do banco, Octavio de Lazari Junior, “Oitenta por cento da queda da originação (concessão de crédito) se dá pela queda no imobiliário. Estávamos originando R$3 bilhões por mês e agora estamos originando R$1,5 bilhão.”
Quando o assunto é crédito imobiliário, a Caixa historicamente nada contra a maré. “A Caixa usa menos as taxas de referência ou tende a ser a última a fazer mudanças e ganha competitividade quando as taxas de juros aumentam”, disse Guilherme Machado, diretor responsável por entidades financeiras da S&P Global Ratings no Brasil.
Nos demais bancos o custo também cairá, mas a prioridade será ganhar margem, o que será possível em linhas de menor prazo, como os cartões, onde a Caixa é mais tímida.
Fonte: Uol