No mês de julho foram anunciadas diversas mudanças no programa Casa Verde e Amarela, deixando o setor imobiliário com expectativas altas para 2022, embora o cenário atual não seja dos melhores com a alta nos juros e a inflação.
Já é possível ver as mudanças no mercado, conforme o Índice de Confiança do Setor Imobiliário feito pela Deloitte em parceria com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, a procura por imóveis apresentou alta de 2,2% na categoria do programa habitacional, enquanto para o segmento de médio e alto padrão houve queda de 6,3%.
O índice também registrou que o programa Casa Verde e Amarela teve aumento de 3,7%, ante queda de 7% do médio e alto padrão. No geral, o desempenho do setor econômico ajudou a amenizar os resultados ruins dos padrões mais elevados, em comparação com o primeiro semestre, os resultados ainda foram negativos: queda de 2,4% no índice de procura e de 1,8% no de vendas.
A expectativa é que as novas medidas aqueçam o setor de baixa renda, que sofreu nos últimos trimestres com a dificuldade para encontrar imóveis acessíveis, diante do aumento do custo de produção.
Apesar de não sofrer diretamente com o aumento de juros, uma vez que os recursos para financiamento do Casa Verde e Amarela vêm do FGTS e a taxa é fixa, a inflação atinge mais fortemente a população com menor renda, o que inviabiliza a compra do imóvel em muitos casos.
José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), ressaltou no evento da entidade, nesta segunda-feira (25), a novidade anunciada para a linha Pró-Cotista, que também utiliza recursos do FGTS. Para imóveis que custam até R$350 mil, a taxa de juros foi reduzida em 1 ponto percentual, para 7,66% ao ano, mesma do grupo 3 do CVA. Para imóveis acima desse valor, a redução foi de 0,5 ponto percentual, para 8,16% ao ano. Segundo Martins, a mudança veio para “suprir o aumento de teto do CVA, que não foi aprovado pelo Conselho Curador do FGTS”. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o teto do programa, no grupo 3, é de R$264 mil.
No entanto, as medidas têm prazos de durabilidade curtos, boa parte delas só ficarão em vigor até o final de 2022, com isso, a indústria imobiliária que trabalha com prazos longos terá que correr para aproveitar as condições mais favoráveis.
Para a indústria dos materiais de construção, as mudanças nos programas que usam recursos do FGTS podem afetar de forma positiva o segmento. Atualmente o setor não anda muito bem. Ainda no primeiro semestre de 2022, houve uma queda no número de vendas em comparação com o mesmo período do ano anterior. Dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) mostram queda de 2,7% nas vendas do produto, e a expectativa é fechar o ano com redução de 1% a 2%. Já a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), aponta queda de 8,5% no faturamento nos primeiros seis meses do ano, mas ainda espera fechar 2022 com crescimento de 1%.
Para o setor de médio e alto padrão, as expectativas não são muito otimistas, segundo os analistas de instituições financeiras possivelmente haverá uma redução nos lançamentos no próximo trimestre, para evitar o aumento das unidades em estoque.
De acordo com as previsões operacionais das incorporadoras divulgadas neste mês, o resultado foi melhor do que o esperado, levando em consideração o cenário atual do Brasil. No qual passa por uma desaceleração das vendas, além dos indicadores de juros e inflação que também não são favoráveis.
No Indicador de Confiança, da Deloitte e da Abrainc, o índice de preços dos imóveis cresceu 10,5% no trimestre, em relação ao período de janeiro a março, aumento menor do que o registrado em trimestres anteriores, mas uma continuação da trajetória de elevação dos preços. Para o terceiro trimestre, a expectativa é de “forte aumento” nos preços, tanto no CVA quanto no médio e alto padrão. O mesmo é esperado para os próximos 12 meses e para os próximos cinco anos.
Fonte: Valor Econômico