O mercado imobiliário está se transformando diante das mudanças no perfil das famílias brasileiras e nos hábitos de moradia. O número médio de moradores por residência caiu de 3 para 2,8 nos últimos anos, segundo o IBGE, refletindo o crescimento das famílias unipessoais, que aumentaram 38% entre 2018 e 2023.
Essa nova configuração demográfica, aliada aos desafios econômicos, tem remodelado o setor e influenciado tanto as estratégias das incorporadoras quanto o comportamento dos consumidores. Com as famílias menores, a demanda por imóveis compactos vem crescendo, tanto para compra quanto para aluguel.
Jovens adultos em busca de independência, casais sem filhos e idosos que optam por morar sozinhos são os principais impulsionadores desse movimento. Além disso, a metragem média dos imóveis financiados tem diminuído. Entre 2018 e 2024, a área total caiu 12,75%, enquanto a privativa teve uma redução de 6%.
O mercado já reage a essas mudanças. Incorporadoras estão lançando unidades menores e otimizando os espaços. Nos últimos anos, apartamentos de até 40 m² ganharam mais representatividade nos financiamentos, atendendo à crescente demanda por praticidade, menor custo e boa localização.
A Caixa Econômica Federal registrou um aumento na concessão de crédito para imóveis compactos. Em 2019, apenas 5,8% dos financiamentos eram destinados a unidades de até 40 m². Já em 2024, esse percentual subiu para 10,83%, evidenciando essa nova tendência.
Além do menor custo de manutenção, a localização estratégica também influencia a escolha por microapartamentos e estúdios. O mercado de aluguel, que já apresenta crescimento de longo prazo, também se beneficia desse cenário.
A acessibilidade dos imóveis menores favorece os aluguéis, permitindo que inquilinos mantenham o padrão de localização e infraestrutura sem comprometer tanto o orçamento. Esse fator se torna essencial diante de um cenário econômico marcado por juros elevados, custo de vida crescente e dificuldades no financiamento imobiliário.
Outro ponto que fortalece o crescimento do aluguel é a digitalização do setor. Novas tecnologias e modelos de garantia locatícia têm reduzido a burocracia, tornando o aluguel uma alternativa ainda mais ágil e conveniente para os novos perfis familiares.
Dessa forma, o mercado imobiliário brasileiro se ajusta às mudanças na estrutura das famílias e aos desafios econômicos. O aumento da procura por imóveis menores e alugados não é apenas uma tendência, mas uma resposta direta às transformações sociais e financeiras do país.
Se antes a compra de um imóvel maior era vista como uma meta padrão, hoje a flexibilidade, a mobilidade urbana e a viabilidade financeira se tornaram fatores essenciais na tomada de decisão. “A adaptação do setor a essa nova realidade será fundamental para atender às necessidades da sociedade nos próximos anos.”
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Informações retiradas de Daniel Santos é fundador e Co-CEO da CredAluga ao Estadão