Essa perspectiva de elevação foi reforçada por declarações recorrentes de autoridades do Banco Central, que afirmaram que um aumento da taxa não está descartado, dependendo das condições econômicas.
Possível aumento dos juros ameaça o setor de construção civil
Caso a alta da Selic se confirme, especialistas e representantes do setor alertam para o impacto negativo sobre a construção civil, um dos setores mais sensíveis à taxa básica de juros. Renato de Souza Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), explica que o setor imobiliário depende de grandes somas de recursos por um longo período para financiar obras e lançar empreendimentos.
Juros elevados encarecem os empréstimos, impactando diretamente o custo financeiro das operações. “Ele tem impacto no crédito da pessoa que compra, porque as coisas ficam mais caras. Então, sobra menos dinheiro para o comprador investir em habitação. É um cenário dos piores para a construção civil quando sobem os juros”, afirma o presidente da CBIC.
Apesar da preocupação, Correia acredita que o impacto será sentido mais no longo prazo. “O segundo semestre é normalmente melhor que o primeiro, e o efeito da taxa de juros acaba tendo reflexos não de imediato”, comenta. Com isso, os efeitos negativos mais intensos devem ocorrer no início de 2025, segundo o especialista.
Alta da Selic aumenta custos e dificulta acesso à moradia
Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção Civil do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRe/FGV), reforça que a alta taxa de juros afeta o custo de financiamento do setor, comprometendo a rentabilidade dos investimentos e influenciando o acesso das famílias à moradia.
Na última decisão do Copom, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) destacou em nota que a redução da Selic é crucial para estimular o crescimento econômico e facilitar o acesso ao crédito habitacional. “A alta taxa de juros real no Brasil continua a ser um entrave para o crescimento econômico do país e pode restringir o acesso ao crédito habitacional, dificultando a realização do sonho da casa própria para muitas famílias brasileiras de menor renda”, afirmou a associação.