Um estudo recente da Brain Inteligência Estratégica, em parceria com o GRI Club, revelou que o maior desafio enfrentado pelo mercado imobiliário brasileiro é o custo de produção. Este custo inclui despesas com mão de obra, materiais de construção, depreciação e outras despesas indiretas.
Principais desafios do mercado imobiliário
O segundo maior obstáculo é a burocracia nos processos de aprovação em órgãos reguladores. “A execução de um projeto imobiliário depende da anuência dos órgãos de fiscalização e controle, que vão desde secretarias municipais até autarquias estaduais, como a Cetesb, em São Paulo”, contextualiza Gustavo Favaron, CEO do GRI Club. Ele exemplifica: “Já ouvi casos em que uma aprovação pendente atrasou o projeto em mais de uma década.”
Na terceira posição dos desafios está o acesso limitado a crédito e financiamento. A taxa de juros elevada, atualmente estabilizada em 10,50% após quedas contínuas na Selic, é um fator crítico que impacta diversos aspectos da economia, incluindo os financiamentos imobiliários. Ebran Theilacker, CEO da fintech Versi, explica: “A taxa de juros impacta em duas esferas: capacidade de financiamento do adquirente e o acesso a capital para operação da construtora. Quanto menor a taxa de juros, menor será o valor das parcelas mensais do financiamento imobiliário, e maior será o número de famílias que podem se qualificar para um financiamento. Na ótica da construtora, taxas de juros altas atrapalham a rentabilidade e a saúde financeira das empresas.”
Fatores críticos do mercado imobiliário
Os principais fatores críticos apontados no estudo são:
- Taxa de juros elevada: 78%
- Ambiente político-institucional do país/incerteza: 76%
- Baixo crescimento do país: 47%
- Aumento de custo de materiais (Inflação setorial): 41%
- Dificuldades de contratação de mão de obra: 26%
Favaron menciona que “a maior demanda de projetos do Minha Casa, Minha Vida está escoando o orçamento do FGTS mais rápido do que o esperado. O ministro das Cidades, Jader Filho, garantiu que esse orçamento será aumentado, mas observamos que algumas incorporadoras que atuam no programa já fizeram uma pausa em razão da falta de recursos para tocar os projetos.”
Perspectivas econômicas e impacto
O estudo revela que 47% dos respondentes esperam que o desempenho da economia brasileira nos próximos 12 meses permaneça estável, enquanto 29% esperam um momento mais difícil. No entanto, 53% dos respondentes estão otimistas sobre o desempenho do mercado imobiliário nesse período. Esse índice é um pouco menos otimista em comparação com o 2º trimestre, quando 74% dos respondentes tinham uma perspectiva positiva.
Todas essas perspectivas, porém, não devem impactar significativamente o volume de lançamentos. Atualmente, 62% dos executivos afirmam que suas empresas vão manter o mesmo volume de lançamentos dos 12 meses anteriores. Outros 16% estão revendo prioridades sem definição de lançamentos, e 10% estão reduzindo lançamentos planejados. Apenas 12% estão efetivamente reduzindo os lançamentos.
Favaron analisa: “As recentes reduções na Selic, na taxa de desemprego e na inflação resultam em um momento mais favorável para o mercado imobiliário, ainda que haja todos os desafios.”
Impacto do Programa Minha Casa, Minha Vida
O programa Minha Casa, Minha Vida é visto de forma positiva por mais de 70% dos entrevistados. 43% acreditam que o impacto do programa no setor é muito positivo, impulsionando a demanda por imóveis. Outros 31% afirmam que o impacto é positivo, estimulando a movimentação no mercado imobiliário como um todo.
Apenas 5% dos entrevistados acreditam que o impacto do Minha Casa, Minha Vida é negativo, alegando que ele gera distorções e desequilíbrios no setor. Theilacker opina: “O segmento econômico representa a maior fatia do déficit habitacional do Brasil. Se não fosse pelo programa, o problema seria muito pior.”
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Informações retiradas de Breno Damascena ao Estadão