O ano de 2022 promete ser de estabilidade no mercado imobiliário brasileiro. Essa é a avaliação da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em relação ao estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 2º trimestre de 2022.
A pesquisa, que é feita pela CBIC e pelo Senai Nacional em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, considera 197 municípios, sendo 26 capitais, de Norte a Sul do país. Os resultados foram divulgados no dia 15 de agosto e são considerados bons em relação ao primeiro semestre de 2022 como um todo.
Conheça os números do mercado imobiliário no segundo trimestre
De acordo com a CBIC, a análise dos dados coletados mostra que o mercado imobiliário está preparado para ser âncora do crescimento sustentável da economia.
Lançamentos
O número de lançamentos, por exemplo, aumentou 4% em relação ao trimestre anterior. Mas a queda de 6% no primeiro semestre (63,9 mil unidades) deste ano em comparação com o mesmo período de 2021 (75,2 mil) não é preocupante, segundo os especialistas.
A liderança ficou com o Sudeste, com 37.662 lançamentos, 26,3% a mais em relação ao trimestre anterior. Entretanto, os segundo e terceiro lugares registraram queda: regiões Sul (10.336 lançamentos, -23,4%) e Nordeste (9.076, -23,7%).
Vendas
Já as vendas aumentaram 1,4% no primeiro semestre desse ano em relação a de 2021. Ou seja, estão mais estáveis do que os lançamentos, demonstrando a boa demanda e o interesse de comprar do consumidor.
Assim, para a CBIC essa consistência nas vendas é uma demonstração da previsibilidade no mercado imobiliário em 2022. E é independente da queda administrativa do programa Casa Verde e Amarela (CVA) no primeiro semestre. Pelo contrário, a CBIC acredita que houve uma migração do CVA para produtos próximos, mostrando a resiliência do segmento.
Casa Verde e Amarela
E por falar em CVA, vendas e oferta final do programa caíram substancialmente no primeiro semestre de 2022. Mais precisamente 36,5% nos lançamentos, 14,6% nas vendas e 15,1% na oferta final em relação ao mesmo período de 2021.
Dessa forma, para o CBIC os números mostram o descasamento da renda familiar com o aumento de custos refletido no alto preço de venda. No entanto, existe a expectativa de que as mudanças feitas para incentivar a adoção ao programa consigam reverter o quadro.
Ainda assim, o estudo mostrou que os financiamentos contratados pelo CVA aumentaram 20% em julho em relação ao mesmo mês de 2021. E a expectativa é que o ritmo seja mantido em agosto.
Um dos motivos é o prolongamento do prazo de financiamento imobiliário com recursos do FGTS que deve ser aprovado até a próxima quarta-feira (dia 24). A previsão da CBIC é que as contratações sejam semelhantes às do ano passado, com uma recuperação mais forte nos últimos meses de 2022.
Crédito pelo FGTS deve aumentar 31% em 2022
Por outro lado, especialistas da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) acreditam que a concessão de crédito pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) deve cair 12% em 2022, em relação ao ano passado.
Mas o fato não diminui a avaliação de resiliência e a boa demanda do mercado imobiliário, já que é previsto um aumento de 31% nos créditos pelo FGTS.
Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, os números mostram que a atividade está mais aquecida do que as projeções do mercado imobiliário no início do ano.
“O preço de todas as tipologias têm sido lançado cerca de 15% maior que em 2021. Agora, mesmo que o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) estivesse zerado, com a redução do CVA, o preço médio continuaria subindo. Isso é reflexo de um incremento do mix de mercado de classe média e alta, somado a um número menor de lançamentos do CVA – que segue um padrão de comercialização diferente dos demais padrões, em que o aumento do preço do valor acontece independentemente da velocidade de vendas”, explicou Martins.
Segundo melhor ano da história do mercado imobiliário
Para o CEO da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Araújo, o ano passado foi o melhor da história do mercado imobiliário. Segundo ele, já era esperado que 2022 não conseguisse superar 2021.
Por outro lado, para que esse não fosse o segundo melhor ano teria que haver uma queda muito forte. E não é o que está acontecendo, já que os indicadores mostram uma boa estabilidade do setor.
É esperado que o setor imobiliário cresça 5% em 2022 em comparação com o ano passado. No entanto, o presidente executivo do Secovi-SP, Ely Wertheim, lembra que uma estabilidade já é um ganho na atual conjuntura e que o segundo semestre deve continuar turbulento. “A gente está entendendo que agora, neste segundo semestre, nós vamos viver um período de estabilidade. O mercado imobiliário não deve crescer muito, basicamente porque a gente vai ter um segundo semestre em um ambiente macroeconômico um pouco deteriorado, por conta das eleições, da Copa do Mundo e da taxa de juros alta. Mas o mercado continua funcionando, ele está forte, ele continua vendendo. Só que a gente entende que, até o final do ano, ele não vai ter grandes crescimentos. Ele está numa fase de estabilidade, um pouquinho para baixo, um pouquinho para cima. Ele não deve ter uma forte subida”, aponta.