O primeiro trimestre do ano chegou ao fim, trazendo análises sobre o comportamento da economia. Para o setor imobiliário, 2024 parece estar sendo um bom ano.
Especialistas já previam uma retomada modesta, porém estável, do mercado imobiliário neste ano. Após um boom excepcional durante a pandemia, o setor sofreu uma retração de quase 20% nos últimos dois anos, apesar de permanecer em um patamar alto historicamente.
Dois fatores sinalizaram uma retomada em 2023: a queda nas taxas básicas de juros e o fortalecimento dos programas habitacionais, especialmente o Minha Casa Minha Vida.
Com esses dois fatores ainda em vigor no primeiro trimestre de 2024, a retomada do setor imobiliário já está acontecendo. A Selic está atualmente em 10,75% ao ano, com indicações do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) de novos cortes nos próximos meses. A redução na taxa básica tende a impactar, mesmo que não imediatamente, os valores dos financiamentos imobiliários, facilitando o acesso de mais pessoas a novos imóveis.
Além disso, o governo elevou o teto de preços dos imóveis do Minha Casa Minha Vida de R$264 mil para R$350 mil, retomou a “Faixa 1” do programa para a população de renda mais baixa, permitiu o uso do FGTS Futuro para financiamentos imobiliários, aumentou o valor máximo dos subsídios às famílias e anunciou um investimento recorde em recursos para a política habitacional neste ano.
O programa Minha Casa Minha Vida tem tido um impacto enorme sobre o mercado imobiliário, como se pôde observar em 2023. Mesmo antes da primeira redução nas taxas de juros, o setor começou a se estabilizar graças ao incentivo proporcionado pelo programa.
Os dois fatores principais — queda nos juros e expansão das políticas habitacionais — já estavam previstos para 2024, mas um terceiro indicador também surpreendeu positivamente os analistas: a melhora da renda.
Por quase uma década, a renda dos brasileiros permaneceu estável. No entanto, em 2023, o rendimento médio do trabalho cresceu 11,7%, a maior alta desde o Plano Real em 1994. Essa melhora foi impulsionada pelo aumento dos gastos com programas sociais e, principalmente, pela política de aumento real do salário mínimo.
Embora seja improvável que se observe um aumento tão expressivo na renda dos brasileiros este ano, a manutenção da tendência de crescimento acima da inflação representa outro motor para o bom desempenho do mercado imobiliário.
O cenário é otimista, mas existem pontos de atenção. O primeiro é o crescimento do PIB, que deve ser menor em 2024 de acordo com as principais projeções. No entanto, fatores como a renda e o investimento em programas habitacionais são cruciais para garantir bons resultados no setor. Mesmo assim, é importante monitorar a evolução do PIB nos próximos meses.
O segundo ponto de preocupação está relacionado às mudanças nas fontes de financiamento imobiliário. Embora o brasileiro tradicionalmente utilize o FGTS ou o SBPE para financiar imóveis, nos últimos anos, títulos privados, como LCI, CRI e LIG, ganharam força e agora representam a maior porcentagem de financiamento do setor.
Essa evolução é positiva, pois mostra que o segmento tem se financiado de forma mais orgânica. No entanto, o governo alterou as regras de tributação no final do ano passado, afetando a isenção de vários títulos imobiliários, tornando-os menos atrativos. No pior cenário, alguns títulos podem até deixar de ser emitidos.
Ainda não se sabe como o mercado se adaptará a essa nova realidade, mas isso cria um obstáculo ao crescimento dessa modalidade de financiamento. Embora não vá cessar ou recuar, pode crescer mais lentamente em comparação com os últimos anos.
Apesar desses pontos de atenção, o setor imobiliário começa bem em 2024. Se todas essas tendências se confirmarem, este será um ano de estabilização, crescimento sustentável e fortalecimento para o mercado imobiliário nacional.
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Informações retiradas de Pedro Tenório à Exame