O aumento da quantidade de imóveis retomados por bancos nos últimos anos impulsionou o mercado de leilões imobiliários no Brasil. Em 2024, houve um crescimento expressivo no número de ofertas, e a tendência é de expansão para 2025.
Segundo Glauber Araujo, gerente de mercado imobiliário da SuperBid, esse fenômeno é reflexo da pandemia. “Por um período, os bancos alongaram os prazos para pagamento dos financiamentos. Com o tempo, essas retomadas foram represadas e explodiram em 2024. A tendência para 2025 é a continuidade desse crescimento”.
A SuperBid registrou um aumento de 86% no número de imóveis levados a leilão, saltando de 10 mil em 2023 para 16 mil em 2024. De acordo com um levantamento da empresa, 92,6% das compras foram feitas por pessoas físicas, e o valor médio dos arremates foi de R$ 361 mil.
Juros elevados podem impactar a demanda
Para 2025, a demanda pode sofrer um esfriamento devido à alta dos juros, dificultando a compra de imóveis financiados. “A disputa vai ficar menor. Então, 2025 será muito bom para o investidor capitalizado. Na escassez de financiamento, surgem excelentes oportunidades de negócio”, avalia Araujo.
Com isso, empresas e fundos de investimento também podem aumentar sua participação nos leilões. “Realizar a compra, desocupar e revender é um negócio altamente lucrativo, mas exige capital e leva tempo para retornar”, pondera.
A Taba, empresa criada em 2019, projeta um crescimento expressivo. Em 2024, realizou cerca de 50 leilões por mês, e a meta para 2025 é chegar a 200. “A expectativa é que o número de imóveis retomados continue aumentando”, afirma Thiago Aguirre, sócio e fundador da Taba.
House flipping ganha espaço no Brasil
Empresas de leilão também estão diversificando seus serviços para atrair mais clientes. A Taba, por exemplo, passou a oferecer consultoria para desocupação e revenda de imóveis. “Cabe aos leiloeiros criar ferramentas para atrair mais clientes”, diz Aguirre.
Ele destaca ainda o potencial de crescimento do house flipping (compra, reforma e revenda de imóveis), um modelo de negócio consolidado nos Estados Unidos. “Já vemos famílias buscando estruturar fundos para comprar imóveis em leilão”, comenta.
Como participar de um leilão de imóveis
Os leilões de imóveis, antes restritos a poucos investidores em eventos presenciais, agora estão acessíveis online. Isso tem ampliado o público interessado, incluindo pessoas que compram para morar, e não apenas para investir.
Os interessados podem acessar sites de leilão de terceiros ou de instituições financeiras. O site da Caixa, por exemplo, lista imóveis disponíveis para leilão (acesse aqui). Outras plataformas como Zuk, Leilão Eletrônico e Sodré Santoro também oferecem diversas opções.
Cuidados ao participar de um leilão de imóveis
Participar de leilões imobiliários exige atenção e planejamento. Confira os principais pontos a serem analisados antes de dar um lance:
- Leia o edital: O documento traz informações essenciais sobre o imóvel e as condições de venda. Se possível, conte com uma assessoria jurídica para evitar surpresas.
- Verifique dívidas pendentes: Algumas dívidas podem estar inclusas no valor do arremate, mas outras podem ficar sob responsabilidade do comprador, como impostos e taxas de condomínio atrasadas.
- Estado do imóvel: Em muitos casos, não é possível visitar o imóvel antes do leilão. Portanto, considere os possíveis custos com reformas.
- Compare preços: Analise os valores de imóveis semelhantes na região para garantir que o desconto do leilão seja vantajoso.
- Desocupação: Se o imóvel estiver ocupado, a retirada pode levar tempo e envolver custos adicionais.
Além disso, despesas como IPTU e condomínio passam a ser responsabilidade do comprador enquanto o imóvel não é desocupado. Também há riscos de danos à propriedade causados por antigos moradores insatisfeitos com a retomada.
Com um planejamento adequado, os leilões de imóveis podem ser uma excelente oportunidade para quem busca bons negócios no setor imobiliário.
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Informações retiradas de Circe Bonatelli ao Estadão