A pandemia impulsionou a busca pelo contato com a natureza e mais qualidade de vida, aquecendo a compra de imóveis na praia, com destaque para as regiões da Costa Verde e na Região dos Lagos. Demanda por melhor qualidade de vida é fator decisivo que justifica esse comportamento de consumo no mercado imobiliário.
Em Angra dos Reis e Paraty, a procura por esse tipo de imóvel aumentou mais de 50% em 2021 na comparação com o ano anterior, conforme dados divulgados pela agência imobiliária Where in Rio. 7
“Esse mercado está em alta, com grande interesse por residências mais amplas, com áreas externas e verdes, próximas ao mar”, explica Fredéric Cockenpot, fundador e diretor da empresa. Segundo ele, a procura por moradias fixas no litoral é motivada pela possibilidade do trabalho remoto. “O regime híbrido incentivou as pessoas a buscarem um estilo de morar mais agradável.”
”A facilidade de acesso ao litoral sul do Rio atrai também muitos investidores de São Paulo e estrangeiros”, segundo Cockenpot. Além disso, o câmbio desvalorizado tem ajudado a fechar negócios com compradores vindos de Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e França. “Tenho clientes de Nova York que vêm para cá fugindo do inverno de lá e ficam seis meses por ano, mantendo a rotina de trabalho mesmo à distância”, diz.
Entre as preferências de imóveis destacam-se os condomínios de alto luxo como o Portobello, com média de 15 a 20 visitas de potenciais compradores por mês. O acesso aéreo e marítimo exclusivos e o fato de contar com um resort associado aumentou o número de vendas no último ano. “Em 2021, vendemos todas as casas já construídas que tínhamos disponíveis”, conta o empresário Carlos Borges, fundador do Portobello.”
Portobello possui em média 400 lotes avaliados entre R$1,2 milhão e R$3 milhões, dos quais 50% já possuem residências. No final de 2021, o empresário lançou um conjunto de nove propriedades prontas com preços de até R$6,5 milhões, 5 meses depois pelo menos um terço delas já tinham sido vendidas.
Búzios também tem realizado diversos lançamentos de condomínios residenciais. O Aerê ocupa uma área de seis milhões de metros quadrados e contará com um aeroporto para jatos executivos, clube esportivo, pista de ciclismo de estrada, marina particular, boulevard de lojas e um hotel.
Dados divulgados pela Secovi-Rio indicam que tanto Angra dos Reis quanto Búzios registraram valorização desse tipo de imóvel em função do aumento da demanda. O preço das casas em Angra, por exemplo, passou de R$5.489 para R$6.743 entre março de 2020 para março deste ano. Em Búzios a valorização alcançou 4,3%.
No Litoral paulista também
O mercado imobiliário de casas de praia no litoral paulista também está aquecido pelas mesmas razões da região carioca. Para se ter uma ideia, a venda de casas de luxo aumentou 5 vezes em Ilhabela. “Esse mercado só vem crescendo, com uma rotatividade muito grande dos imóveis mais caros”, diz Luiz Armando dos Santos, sócio da Capela — Imobiliária e Arquitetura, sediada em uma charmosa casa à beira-mar na praia do Perequê.
Em São Sebastião, a crise sanitária acentuou ainda mais a procura por imóveis, que cresceu 90% nos últimos anos. “É um dos pontos mais valorizados do litoral norte de São Paulo”, afirma Cristina Borges de Oliveira Ibañez Soares, gerente da Modesti Imóveis, especializada na região. Segundo ela, a alta demanda na Baleia e praias vizinhas com Juquehy e Camburi têm tornado os terrenos escassos para construção, o que tem aquecido o mercado de imóveis usados.
“Tivemos um cliente no ano passado que, por não achar áreas livres para construção na Baleia, comprou uma casa de frente para o mar por R$30 milhões, mandou derrubar tudo e construiu uma nova”, conta.
Fonte: Valor