A criação da nova faixa do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), anunciada recentemente pelo governo, pode trazer um novo fôlego ao setor imobiliário. Famílias com renda mensal de até R$12 mil agora passam a ter acesso a condições facilitadas de financiamento para imóveis de até R$500 mil.
Segundo análise do banco BTG Pactual, essa mudança deve beneficiar principalmente as construtoras com forte atuação no segmento de baixa e média renda. Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3) são apontadas como as principais favorecidas, já que parte significativa de suas operações — entre 20% e 30% — está concentrada justamente nesse nicho intermediário.
Atualmente, famílias nessa faixa de renda utilizam financiamentos do SBPE, que têm taxa média de juros em torno de 12,7% ao ano. Se essa taxa cair para 10,5% com as novas condições do programa, o poder de compra pode crescer em até 21%, conforme os cálculos do banco. Até então, a Faixa 3 do MCMV atendia famílias com renda entre R$4.700,01 e R$8 mil mensais.
Outro ponto de destaque é o Fundo Social, que será a principal fonte de recursos da nova faixa. Abastecido por royalties do pré-sal, o fundo deve receber entre R$25 bilhões e R$ 30 bilhões por ano em 2025 e 2026, o que, segundo o BTG, garante a sustentabilidade da medida.
Além de Cury e Direcional, outras empresas também devem sentir os efeitos positivos da novidade. Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3), que atuam em segmentos de médio e alto padrão, mas possuem produtos voltados à classe média, tendem a se beneficiar em menor grau. Já construtoras como MRV (MRVE3), Plano&Plano (PLPL3) e Tenda (TEND3), mais focadas nas faixas mais baixas do programa, também podem ganhar impulso.
Para a MRV, por exemplo, a mudança pode acelerar as vendas. Em entrevista à Exame, o vice-presidente Comercial e de Marketing da empresa chamou a criação da nova faixa de “divisor de águas”.
“Há uma parcela significativa da população que não se encaixava nas faixas que existiam até então, que ainda enfrentava dificuldades para financiar um imóvel. Com o anúncio, poderemos atender um público que hoje acaba ficando refém de taxas de juro muito altas no financiamento tradicional”, afirmou. Segundo ele, 13% do estoque da MRV já se encaixa nas novas condições, o que pode melhorar o desempenho da empresa nos próximos meses.
Além da nova faixa, também é esperada uma ampliação nos critérios de renda das demais faixas do programa, o que pode aumentar ainda mais a abrangência do MCMV e aquecer o mercado como um todo.
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Informações retiradas de Letícia Furlan Exame