A intenção de ter uma casa própria está em queda entre os brasileiros, segundo estudo da Brain Inteligência Estratégica. A pesquisa ouviu 1.200 pessoas entre 10 e 25 de novembro. Metade dos entrevistados antecipariam a decisão de comprar um imóvel se tivessem o financiamento facilitado, apontam os dados.
Entretanto, a facilidade em obter crédito não é a mesma coisa que o custo do crédito. É o que afirma Fábio Tadeu Araújo, sócio dirigente da Brain Inteligência Estratégica. “E onde as incorporadoras podem mexer. Em vez de exigir 40% durante a obra, poderiam exigir 35%, por exemplo. Se não tem como aumentar o salário do comprador, podem facilitar a maneira dele adquirir o imóvel“. Em cerca de um ano, a taxa básica de juros saltou de 2% para os atuais 13,75% na tentativa de conter a inflação.
A disparada afastou muitos do financiamento e reduziu os depósitos na poupança. É com esse dinheiro que os bancos financiam o crédito imobiliário mais utilizado. Entre janeiro e outubro deste ano, a captação líquida da poupança ficou negativa em R$82,2 bilhões.
O resultado foi uma queda de 12% no volume de financiamentos (R$151,2 bilhões) e de 16% no número de imóveis financiados (619 mil) em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Apesar da pressão, a venda de imóveis se manteve aquecida em 2022, principalmente, graças aos subsídios no programa habitacional Casa Verde e Amarela a que deve voltar a se chamar Minha Casa, Minha Vida no terceiro governo Lula.
“Acabamos de passar por um período [2020-2021] que foi o maior de compra e venda de imóveis. Por isso qualquer comparação que se faça parece ruim, mas é do mercado. Nos nove primeiros meses deste ano, a efetiva venda de casas e apartamentos novos cresceu 0,4%, porque, no caso dos novos, a taxa de juros não impacta imediatamente” afirma Araújo.
O setor também aguarda para o próximo ano um maior uso de recursos do FGTS (fundo de garantia) em prestações de financiamento. A compra da casa própria é uma das possibilidades de saque do fundo do trabalhador.
“O FGTS Futuro é uma medida muito significativa especialmente para famílias com renda mensal bruta de, no máximo, R$ 2.400. Além de aumentar o poder de compra, esses clientes poderão pagar uma prestação mensal maior, promovendo um crescimento de vendas”, diz Fernando Perobeli, diretor institucional da Árbore Engenharia.
Entre os que planejam a compra de algum imóvel, os mais desejados são os residenciais (87%). O levantamento mostra que sair do aluguel é motivação para 33% dos compradores, enquanto 20% quer mais espaço.
O aluguel onerou os brasileiros com o aumento dos juros e da inflação. Segundo dados da Serasa, o número de inadimplentes voltou a crescer pelo nono mês seguido em setembro e chegou a 68,39 milhões de pessoas.
Para o analista de mercado Max Mustrangi, a inadimplência e o endividamento recordes trazem uma perspectiva ruim, em especial para as startups imobiliárias.”A crise econômica se instalou, e não só aqui. Nos últimos anos, houve muita liquidez, mas agora há o endividamento. Tem que negociar, alongar o caixa, enxugar as receitas para resistir”, afirma.
Os imóveis residenciais são 93% de todos os comercializados neste ano, e quase metade deles são apartamentos. No entanto, o objeto de desejo da maioria são casas, na rua ou em condomínio fechado.
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Informações retiradas da Folha