O segundo leilão do ano de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) da Operação Urbana Consorciada Água Espraiada não vingou. O certame, realizado nesta quinta-feira (23), vendeu apenas 18,1 mil títulos, o equivalente a 11,3% do lote ofertado de 160 mil. Os títulos saíram pelo preço mínimo de R$ 3,2 mil, movimentado R$ 58,2 milhões.
O baixíssimo interesse de investidores e empreendedores é um indicativo de que o humor do mercado imobiliário virou – e rápido. Há apenas quatro meses, o primeiro leilão de Cepacs do ano vendeu 100% dos também 160 mil títulos ofertados, com um ágio de 41,5%.
Incerteza sobre política fiscal do novo governo explica baixa demanda
Na visão do corretor e consultor de investimentos Sérgio Belleza, o mercado desaqueceu de lá para cá. “Está todo mundo desanimado. Neste momento, o preço do Cepac está caro para o nível de confiança”, disse. “A eleição foi um fato que mexeu muito com os mercados”, emendou.
As indefinições sobre a futura equipe econômica do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e sobre a política para o controle dos gastos públicos são fatores que geram incertezas sobre qual será a taxa de juros nos próximos meses e colocam investidores em compasso de espera, afirmou.
Recursos são destinados a obras de infraestrutura e mobilidade
No leilão de julho, a Prefeitura de São Paulo tinha intenção de ofertar, de uma vez, os 320 mil títulos previstos para o ano, mas acabou recuando por determinação do Tribunal de Contas do Município (TCM). Na ocasião, a Corte julgou que a oferta de 160 mil títulos seria suficiente para garantir os recursos necessários para a Prefeitura tocar as obras previstas no edital, enquanto que, se fossem leiloados todos os 320 mil títulos de uma vez, haveria risco de desvalorização desnecessária desses ativos.
Os Cepacs são títulos que permitem às empresas erguerem prédios acima dos limites originais de cada bairro. Os recursos arrecadados pelos cofres públicos vão para obras de infraestrutura e mobilidade na região. A Operação Urbana Água Espraiada abrange as regiões de Jabaquara, Campo Belo, Itaim Bibi, Morumbi, Vila Andrade e Santo Amaro. Criada há mais de 20 anos, já arrecadou R$ 3,8 bilhões investidos em obras viárias, canalização de córregos, áreas de lazer e construção de moradias populares. Um exemplo é a construção da Ponte Octávio Frias de Oliveira, a famosa Ponte Estaiada.
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Fonte: Estadão