No segundo trimestre deste ano, de acordo com uma pesquisa realizada pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em 217 cidades brasileiras, foram lançadas 64,3 mil unidades habitacionais, representando uma queda de 15,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, é importante notar que houve uma recuperação significativa de 15,7% em comparação com o primeiro trimestre de 2023.
No acumulado do primeiro semestre, o total de unidades lançadas atingiu 119,9 mil, marcando um recuo de 19,1% em relação ao primeiro semestre de 2022. O presidente da CBIC, Renato de Sousa Correia, destacou a preocupação de que essa redução nos lançamentos possa impactar negativamente a geração de empregos no setor da construção, enfatizando a importância dos lançamentos de hoje para o emprego no futuro.
As vendas de imóveis novos no Brasil sofreram uma queda de 5,3% na comparação entre o segundo trimestre deste ano e o mesmo período do ano anterior. No entanto, houve um crescimento modesto de 0,5% em relação ao primeiro trimestre de 2023.
No acumulado do ano até junho, o mercado viu a comercialização de 148,2 mil unidades novas, indicando uma queda de 7,5% em relação à primeira metade de 2022.
Essa dinâmica no mercado imobiliário contribuiu para uma diminuição no estoque disponível para compra no país. O estoque final de unidades novas recuou 6,3% em relação ao segundo trimestre do ano passado e 3,8% em relação ao primeiro trimestre deste ano, totalizando 279,5 mil unidades disponíveis para venda.
No primeiro trimestre deste ano, o mercado imobiliário apresentou números positivos em termos de lançamentos e vendas, mas isso ocorreu em parte devido ao fato de que esse período costuma ser tradicionalmente mais fraco para o setor. A análise é do economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci.
No entanto, ao comparar os dados com o mesmo período de 2022, observa-se um desempenho negativo, atribuído principalmente à elevada taxa de juros e aos impactos do período eleitoral e do início de um novo governo.
A oferta final de imóveis é a menor desde o segundo trimestre de 2021, sugerindo uma possível escassez no mercado. Petrucci ressalta que, apesar dos desafios, as vendas caíram em um ritmo menos acentuado do que os lançamentos, indicando que o mercado ainda mantém sua força, o que contraria as expectativas de uma redução mais acentuada nas vendas.
A pesquisa revela que seriam necessários aproximadamente 11 meses para absorver toda a oferta de imóveis disponíveis no país, um patamar estável em relação ao ano anterior. No acumulado dos últimos 12 meses até junho, houve uma queda de 14,5% no número de lançamentos, totalizando 290,6 mil unidades, e uma redução de 4,8% nas vendas, com um total de 305,7 mil unidades comercializadas.
No segundo trimestre, o mercado imobiliário brasileiro registrou algumas tendências interessantes. Apesar de uma queda de 15,8% nos lançamentos de novas unidades, o valor total das propriedades colocadas à venda diminuiu apenas 6%, atingindo a marca de R$38 bilhões. Isso sugere um aumento nos preços de venda, o que pode refletir a demanda contínua por imóveis.
Da mesma forma, as vendas de imóveis tiveram um desempenho sólido, totalizando R$41 bilhões durante o trimestre, representando um aumento de 11,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, apesar da redução no número de unidades comercializadas.
Um indicador importante a destacar é que o preço médio das unidades imobiliárias (indicador de preço da pesquisa) durante o segundo trimestre (157,9) superou o índice de inflação da construção (INCC) (154,2). Isso é significativo, pois não acontecia desde o final de 2020. Esse aumento nos preços pode ser atribuído à estabilização dos custos de construção, que haviam subido durante a pandemia, e à recuperação dos preços das propriedades, indicando uma tendência positiva no mercado imobiliário.
Minha Casa, Minha Vida
No segmento de imóveis econômicos do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), observou-se uma queda significativa nas atividades de lançamento e venda em comparação com o ano anterior. No entanto, há indícios de uma recuperação durante o primeiro trimestre deste ano.
No segundo trimestre de 2023, os lançamentos de imóveis econômicos registraram uma queda de 25,8% em relação ao mesmo período de 2022. No entanto, em relação ao primeiro trimestre de 2023, houve um aumento de 4,1%.
A oferta final de unidades econômicas novas também apresentou uma retração de 25,7% em relação ao ano anterior, mas permaneceu estável em comparação com o primeiro trimestre de 2023, com um ligeiro aumento de 0,1%.
A CBIC expressa otimismo em relação ao aumento das atividades de lançamento e venda no terceiro e quarto trimestres, principalmente devido às atualizações no programa MCMV, que incluem um aumento nos subsídios e no limite de unidades, implementadas a partir de julho. Espera-se que essas mudanças tenham um impacto mais significativo no próximo trimestre, impulsionando o setor imobiliário econômico.
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Informações retiradas de Ana Luiza Tieghi à Valor Econômico