O tribunal de justiça de Hong Kong decretou falência da Evergrande nesta segunda-feira (29/01). Adiada várias vezes nos últimos 2 anos, a ação marca o fim de um longo período de crise financeira de uma das maiores incorporadoras chinesas. A empresa está no centro da maior crise habitacional do mundo e já acumula um montante de US$300 bilhões em dívidas.
Qual foi o estopim do caso?
A Evergrande é apontada como uma das principais responsáveis pela crise que se alastra pela China desde 2021, quando a empresa anunciou que não poderia arcar com suas dívidas que, na época, somavam 2,4 trilhões de yuans (cerca de R$ 1,7 trilhão), o equivalente a 2% do PIB do país.
Desde então, eles tem enfrentado grande dificuldade para cumprir com seus empréstimos e, após vir à público esta notícia, eles registraram uma queda de 20,9% em suas ações na Bolsa de Hong Kong.
Milhares de compradores não receberam seus imóveis
Assim como fizeram diversas outras incorporadoras chinesas, a Evergrande recebeu por prédios que não construiu, como resultado milhares de compradores não receberam suas propriedades. O governo tenta forçar essas empresas a concluir seus projetos, mas a falta de pagamento a empreiteiros e construtores complica a situação. A ansiedade cresce entre os compradores que aguardam há anos, enquanto a crise imobiliária se intensifica, afetando a estabilidade do mercado.
Tensões diplomáticas
O cenário é também agravado pelo aumento das tensões diplomáticas entre os Estados Unidos e a China, o que tem resultado em saídas de capital estrangeiro do país asiático. Investidores aguardam para ver como a China abordará disputas envolvendo empresas inadimplentes ligadas ao setor imobiliário, e estão particularmente interessados em observar se as liquidações serão reconhecidas por tribunais na China continental, algo que historicamente não aconteceu.
No âmbito de um acordo mútuo assinado em 2021 entre Hong Kong e Pequim, um tribunal chinês continental deveria reconhecer o liquidante designado pelo tribunal de Hong Kong para permitir que os credores assumissem o controle dos ativos da Evergrande na China continental. Contudo, apenas uma em cinco solicitações desse tipo foi concedida pelos tribunais chineses locais.
A decisão, proferida nesta segunda-feira pela juíza Linda Chan, foi adiada várias vezes nos últimos dois anos. Credores e outras partes concordaram em conceder à empresa mais tempo para negociar um acordo sobre os pagamentos aos credores.
No verão passado, a equipe de gestão da Evergrande e alguns credores offshore que haviam emprestado dinheiro à empresa em dólares americanos em Hong Kong estavam próximos de um acordo. No entanto, as negociações foram interrompidas em setembro devido à prisão de vários executivos de alto escalão, incluindo o fundador e presidente, Hui Ka Yan. A decisão do tribunal nesta segunda-feira foi descrita como um grande impacto por observadores, indicando que isso terá repercussões enquanto os liquidantes buscam ativos da empresa.
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Informações retiradas de Kaye Wiggins, Chan Ho-Him e Dow Jones à Folha de S.Paulo e Valor Econômico