A alta taxa básica de juros segue como um dos maiores entraves para o setor imobiliário no Brasil, destacaram empresários e especialistas durante o Summit Imobiliário 2024, realizado em São Paulo no dia 28 de novembro. O evento reuniu representantes do mercado para discutir os desafios que o segmento enfrentará em 2025.
Rubens Menin, presidente do conselho de administração da MRV e do Banco Inter, além de sócio controlador da CNN Brasil, demonstrou otimismo em relação ao futuro, mas reconheceu que o cenário atual é desfavorável.
“O cenário perfeito seria um com juros civilizados. O setor não quer juros real de 0%, mas na casa de 2% a 3%. Se a inflação está na casa dos 4%, o ideal no momento seria estar em 7%. Isso já faria o mercado de capitais reagir e os mecanismos de financiamento funcionarem”, afirmou.
Atualmente, a taxa Selic está em 11,25% ao ano. Os juros elevados tornam os financiamentos mais caros e preocupam, especialmente, os segmentos de imóveis voltados para média e alta renda.
“A maior preocupação do setor é principalmente nos imóveis voltados para média e alta renda. A habitação social, como o Minha Casa, Minha Vida, não entra neste debate uma vez que possui o juros em uma taxa fixa”, explicou Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.
Alternativas de financiamento ganham destaque
Inês Magalhães, vice-presidente de habitação da Caixa Econômica Federal, destacou que os fundos alternativos vêm ganhando espaço no mercado imobiliário devido à menor atratividade da poupança.
“Esse ano, o Minha Casa, Minha Vida está tendo um recorde histórico, passamos de R$ 100 milhões em recursos investidos. Apesar de ter um orçamento robusto, a poupança vem sendo pouco atraente para o financiamento, com menor captação, portanto procuramos fundos alternativos para compensar”, ressaltou.
Ela também pontuou que a alta taxa de juros contribui para essa mudança, tornando outros tipos de investimento mais vantajosos em relação à tradicional caderneta de poupança.
Mudanças nos meios de captação
Sandro Gamba, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), destacou a transformação no modelo de captação de recursos no setor imobiliário.
“O mercado tem sido suportado pela poupança e o FGTS nos últimos anos, e essa representatividade vem diminuindo. Por outro lado, outras formas de ‘fundings’ vêm assumindo esse lugar no crescimento do setor, o que é positivo”, afirmou.
No entanto, ele alertou que essa mudança também aumenta a influência das variações da Selic no crédito imobiliário.
“Essa mudança cria uma correlação maior com as variações na Selic, que irão interferir no crédito imobiliário”, concluiu Gamba.
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Informações retiradas de Exame