Pela primeira vez em um ano, os investidores estão preferindo fundos de renda fixa aos fundos imobiliários (FIIs). Esse movimento foi observado em uma pesquisa realizada pela XP com assessores do grupo entre os dias 5 e 12 de junho, que contou com 226 respostas. A principal razão por trás dessa mudança é a percepção de que a taxa Selic permanecerá em 10,50% ao ano por um período prolongado, o que diminuiu o apetite por FIIs.
Mudança no mix de alocação
Rodrigo Sgavioli, chefe de alocação da XP, explica que, embora os FIIs não tenham perdido atratividade, há uma mudança no mix de alocação. Ele destaca que os investidores estão focando mais em FIIs de papel, que oferecem bom carrego ao investir em títulos atrelados ao CDI ou à inflação, em comparação com fundos de tijolo, que investem diretamente em imóveis e são mais impactados por uma Selic elevada.
Por outro lado, os fundos de renda fixa, especialmente aqueles com crédito privado, têm oferecido boas oportunidades de retorno nos últimos 12 meses, mesmo após eventos como as crises da Americanas e Light. Segundo Sgavioli, isso pode ter atraído muitos investidores.
Complexidade na Seleção de Ativos
O crédito privado tornou-se “menos óbvio” com o fechamento mais expressivo dos spreads (juros adicionais que um ativo de crédito oferece em relação aos títulos públicos de baixo risco). Isso tornou a seleção de ativos mais complexa, especialmente para títulos de alta qualidade, como AAA e AA. Sgavioli observa que, com o fechamento dos spreads, um gestor profissional tem mais capacidade de gerir e entender quando comprar, vender ou calibrar o que carrega, tornando mais difícil para investidores individuais realizarem essa gestão sozinhos.
Segurança na Alocação
Wilson Barcellos, CEO da Azimut Brasil Wealth Management, vê o momento como positivo para ter renda fixa atrelada ao CDI e papéis ou fundos que alocam em crédito privado de alta qualidade. Ele enfatiza a importância de evitar “riscos desnecessários” e prefere a segurança na alocação, mesmo que os retornos passados não possam ser replicados no futuro.
Estratégias de Investimento
Sgavioli também sugere que investidores que desejam avançar além da reserva de emergência considerem fundos de crédito high yield ou crédito estruturado, devido aos spreads menores nos fundos high e mid grade. Ele recomenda uma composição que aumente a parcela de investimentos sem risco de crédito, como fundos DI sem crédito privado ou títulos do Tesouro Selic, para balancear a carteira.
A Relação de Risco e Retorno
Eric Hatisuka, CIO do multi family office Mirabaud, aponta que gestores de fundos de crédito terão que buscar títulos mais arriscados para manter a rentabilidade, devido aos prêmios mais baixos nos papéis de maior qualidade. Ele observa que, em alguns fundos de crédito preferidos, vários gestores estão considerando fechar o produto devido à piora na relação de risco e retorno.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas de Bruna Furlani à InfoMoney