Um possível calote da dívida dos Estados Unidos poderia ter graves consequências para o mercado imobiliário do país, de acordo com uma análise realizada pela Zillow. Embora seja improvável que os EUA de fato entrem em calote, o impasse em relação ao aumento do teto da dívida pode levar a esse cenário a partir de 1º de junho, caso nenhuma intervenção seja feita.
Segundo a análise, os custos de habitação aumentariam em 22%, com a taxa de hipotecas de 30 anos de taxa fixa ultrapassando 8%. Além disso, estima-se que haveria uma redução de 700 mil vendas de imóveis nos 18 meses seguintes a partir de julho, o que representa quase 12% das 6 milhões de vendas esperadas nesse período.
Embora a empresa não espere que ocorra o calote, o economista sênior da empresa, Jeff Tucker economista sênior da Zillow., destaca que seus efeitos no sistema financeiro seriam sem precedentes. “Isso reduziria a disponibilidade de empréstimos e crédito em todo o sistema financeiro. O que isso significa para o mercado imobiliário é que o custo dos empréstimos aumentaria dramaticamente e as vendas cairiam” completa Tucker.
Desencadeando uma recessão
Na análise de Zillow, as taxas de juros subiriam, chegando a 8,4%; e o desemprego aumentaria, chegando a 8,3% de sua taxa atual de 3,4%. Vale dizer que a análise projeta o que pode acontecer no caso de uma inadimplência prolongada, e não há uma previsão de que ocorrerá uma inadimplência. “Este seria um cenário de recessão desencadeada por uma enorme contração nos gastos federais”, disse Tucker.
“Os compradores e vendedores de imóveis finalmente estão se ajustando às taxas de hipoteca acima de 6% nesta primavera, mas uma inadimplência da dívida poderia aumentar ainda mais os custos dos empréstimos e congelar o mercado”. Zillow projeta que o impacto combinado de compradores e vendedores recuando acabaria com quase um quarto das vendas esperadas em alguns meses.
Se houvesse um calote da dívida, o maior déficit projetado ocorreria em setembro, com cerca de 23% menos vendas de casas existentes. A gravidade do impacto depende muito da duração do drama, acrescentou Tucker.
“Se a crise persistir por mais tempo, todos esses impactos durarão mais e serão mais graves”, disse ele. “Se for um problema de curto prazo, haverá choques, mas posso ver a situação em que pode voltar com relativa rapidez”. No caso de o teto da dívida não ser resolvido, as taxas de hipoteca provavelmente subiriam rapidamente, já que os investidores ficam preocupados com quase todos os tipos de títulos.
O risco associado aos títulos do Tesouro emitidos pelo governo pode desencadear uma crise de crédito e ter efeitos em cascata em todo o sistema financeiro. Até então considerados um refúgio seguro e sem risco, esses títulos agora enfrentam incertezas em relação ao seu reembolso.
Isso levaria os investidores a exigirem maiores retornos para comprá-los, o que por sua vez resultaria em taxas de hipoteca mais altas. Além disso, uma vez que os títulos do Tesouro são amplamente utilizados como garantia para empréstimos, a incerteza em torno de seu valor de garantia levaria os credores a serem mais cautelosos e a exigirem retornos maiores para emprestar.
Com o prazo de aproximadamente três semanas até que o governo não possa mais pagar suas contas, o risco desses títulos não serem reembolsados começa a ser precificado nos empréstimos, caso a crise não seja resolvida. Essa situação cria um quadro de contágio e disseminação da crise de crédito, no qual todos os tipos de empréstimos são repentinamente questionados.
Quer continuar atualizado sobre o mercado imobiliário? Então se inscreva na nossa Newsletter. Todas as terças e sextas, às 7:15, nós enviamos no seu e-mail as principais notícias do mercado Imobiliário. Vejo você lá!
Informações retiradas de Anna Bahney à CNN Brasil