Insegurança econômica pode adiar decisões de compra de imóveis
As políticas econômicas conduzidas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, têm gerado incertezas que podem impactar diretamente o mercado imobiliário em 2025. A percepção de instabilidade, mesmo em um cenário de baixo desemprego, tem levado muitos brasileiros a hesitar na compra de imóveis, apontam especialistas.
Para Daniel Claudino, analista, consultor e palestrante no setor imobiliário, a desconfiança em relação à continuidade das políticas econômicas desempenha um papel mais nocivo que os próprios indicadores econômicos. “A desconfiança sobre as políticas econômicas do atual ministro e a incerteza são muito mais danosas do que as próprias ações em si. Apenas um exemplo: hoje, temos uma baixa taxa de desemprego, o que, para o mercado imobiliário, é excelente, já que há mais ‘pagadores de prestação de imóveis disponíveis’. Por outro lado, a instabilidade e a desconfiança sobre o futuro da economia fazem com que as pessoas prefiram esperar para comprar depois”, destacou em entrevista ao Diário do Poder.
Menos crédito, mais desafios
O ano de 2025 deve apresentar um cenário desafiador para o setor, com restrições no crédito imobiliário e alta na inadimplência. Daniel Claudino observa que, com a Selic elevada e a redução dos recursos disponí.veis na poupança e na Caixa Econômica Federal, o financiamento de imóveis tende a ficar mais caro e limitado
Heitor Kuser, empresário e CEO do CIMI360, também chama atenção para as dificuldades previstas. Ele destaca que a escassez de recursos pode impactar programas como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), cujo futuro depende de novos aportes federais. Além disso, imóveis na faixa de R$ 350 mil a R$ 1 milhão, voltados para a classe média, carecem de linhas de crédito específicas, situação que está sendo discutida no Palácio do Planalto.
“O crédito imobiliário terá restrições significativas. A poupança está cada vez mais escassa, e estima-se que faltarão R$ 20 bilhões para financiamentos. Já o programa Minha Casa Minha Vida ainda conta com contratos firmados, mas novos projetos dependem de recursos que ainda não foram definidos pelo governo”, explica Kuser.
A inadimplência, segundo o empresário, deve atingir níveis preocupantes, semelhantes aos de 2015 e 2016. “Naquela época, os bancos tinham 135 mil imóveis retomados e o mercado enfrentava grandes dificuldades para absorver esses estoques, tanto novos quanto usados”, relembra.
Cenário de oportunidades
Apesar dos obstáculos, especialistas veem possíveis oportunidades. Kuser acredita que a combinação de inadimplência em alta e estoques maiores pode resultar em imóveis retomados por bancos e leiloados a preços atrativos, o que beneficiaria compradores atentos.
“Mesmo em um cenário desafiador, há brechas para boas aquisições. Imóveis leiloados podem oferecer condições vantajosas. Depende de como cada um enxerga a situação: você pode decidir chorar ou vender lenços”, reflete o CEO.
Já o mercado de locações deve manter um ritmo de crescimento, impulsionado por investidores que veem nos imóveis para renda uma opção segura e rentável. Kuser cita que o segmento pode ganhar ainda mais força se forem firmadas parcerias estratégicas com plataformas como o Airbnb.
Perspectivas e cautela
O aumento médio de 7,7% nos preços dos imóveis em 2024, segundo o índice FipeZap, trouxe otimismo ao setor. Contudo, para 2025, as perspectivas são de uma desaceleração no ritmo de crescimento, devido aos fatores macroeconômicos.
Como pondera Kuser, “todo tipo de insegurança atrapalha decisões importantes, seja comprar um carro, casar ou adquirir um imóvel. O próximo ano será marcado pela falta de crédito imobiliário e por análises mais rigorosas para a concessão de financiamentos, o que deve tornar a compra de propriedades ainda mais complexa”.
Diante disso, os especialistas reforçam a importância de planejamento e pesquisa para quem deseja investir em imóveis. Apesar das adversidades, o mercado pode apresentar boas oportunidades para quem estiver preparado.
Informações retiradas de Mael Vale ao Diário do Poder.
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