Embora os especialistas ressaltem cautela para o setor de modo geral, no que diz respeito aos dividendos, os fundos imobiliários apresentam bons resultados. Para atestar essa colocação basta comparar o Prêmio de Risco do fundo imobiliário (ganho acima da rentabilidade oferecida por outras classes de ativos) com os juros reais de longo prazo (descontando a inflação), como o Tesouro IPCA+ 2045, título público indexado à inflação, uma vez que os contratos de aluguel também são atrelados a esse indicador inflacionário.
Fábio Carvalho, sócio da Alianza, relembra que a comparação com os juros longos ocorre pois a Selic é um juros imediato e, para os investimentos em renda variável, os especialistas e investidores costumam observar os juros longos, que é o Tesouro do IPCA+ com prazos de vencimento extensos, como os de 2045.
Dessa forma, com relação ao título público e aos fundos imobiliários, hoje um gestor de IPCA+ de longa duração paga em torno de 5,5%, enquanto dentro do Ifix, existem fundos distribuindo esse mesmo nível de rendimento, algumas vezes até mais, segundo Rodrigo Possenti, gestor da Fator.
Ele continua: “Os fundos imobiliários que pagam tal patamar de rentabilidade ainda carregam a vantagem de remunerar mensalmente e com isenção do imposto de renda, ao passo que, em um título público, não tem remuneração mensal e também não tem isenção de imposto”.
O retorno médio em dividendos Ifix está em um nível superior a 9%. De maneira mais específica o título Tesouro IPCA+ 2045 oferece 5,5% mais inflação e o índice de referência dos fundos imobiliários está distribuindo 10,43% mais inflação.
“O ganho atual oferecido pelos fundos está em um patamar bem interessante e, considerando que essa renda é isenta de imposto, a classe permanece competitiva em relação à renda fixa”, avalia.
“Então, atualmente, os ganhos dos fundos imobiliários estão entre os maiores da história em relação ao título Tesouro IPCA+ 2045. Para investimentos de médio e longo prazo, o momento é muito positivo, pois dá para encontrar ativos baratos, com boas rendas e chances de valorizar ainda mais em um horizonte maior”, conclui Carvalho.
Fundos imobiliários de tijolo ou papel?
Fundos imobiliários de papel, que investem em títulos do setor imobiliário, costumam ser mais atrativos para investimentos de curto prazo. “É bom para ter rendimento de forma mais rápida, já que paga a inflação todo mês, mas é menos eficiente para ganho de capital. Ou seja, se o investidor comprar a cota de um fundo por R$ 100, daqui a cinco anos ela vai continuar valendo o mesmo preço, pois não tem ganho de capital”, ressalta.
Ele explica que esse tipo de investimento, eles não repassam a inflação no curto prazo, mas ganham valor no longo prazo.
Já Fábio Bergamo, diretor da JLP Asset Management, alerta para o reflexo do cenário de alta inflação e taxa de juros em uma economia que não cresce, nos fundos de tijolos. Segundo o diretor, esses fatores tendem a trazer um impacto negativo no mercado imobiliário, pois o custo do capital tende a ficar mais caro, tornando mais difícil o repasse da inflação integral no contrato de aluguel.
“Na essência, naturalmente o fundo de papel vai ter uma atratividade maior porque está exposto à taxa de juros crescente, ao passo que poucos fundos de tijolo vão conseguir equilibrar esse momento da economia”, defende. “E é por isso que não faz sentido ter um portfólio só com um tipo de ativo, pois os fundos de tijolo e de papel se complementam, com cada um tendo a sua importância em cenários diferentes”, explica.
Fonte: Valor investe