Fundos imobiliários podem voltar a decolar em 2024, mas a extensão desse crescimento dependerá de cenários ainda não confirmados, de acordo com gestores e especialistas ouvidos pelo Valor. O executivo-chefe de renda fixa da Genial, Rafael Zlot, destaca a perspectiva positiva para os FIIs, enfatizando o papel relevante dos juros nesse segmento.
Com a continuidade do ciclo de redução de taxas pelo Banco Central, há uma expectativa favorável para ativos de risco em geral. O diretor Bruno Stuani, também da Genial, sugere que 2024 pode superar 2023, mas ressalta que o avanço do setor dependerá do desdobramento do ciclo de corte de juros, indicando que se a taxa Selic se aproximar de 9% no final do ano, o mercado de FIIs poderá apresentar bom desempenho.
O sócio e gestor da Az Quest, André Sawaya, prevê que as ofertas públicas iniciais (IPOs) de fundos imobiliários (“de tijolo”), que investem diretamente em empreendimentos imobiliários, devem retomar a partir do segundo trimestre deste ano. Ele destaca que a empresa tem um novo produto para lançar nesse cenário.
Atualmente, o mercado de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) permanece cauteloso devido aos juros ainda elevados. O Banco Central anunciou um corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros em dezembro, indicando mais duas reduções do mesmo tamanho. Com isso, a Selic encerrou o ano a 11,75% e deve atingir 11,65% na reunião de março.
O desempenho positivo é esperado para os fundos de papel, que investem em certificados de recebíveis imobiliários (CRI), devido à perspectiva de juros elevados ao longo do ano. A alocação em dívidas lastreadas em imóveis é favorecida pelo fato de muitos gestores terem aproveitado oportunidades para incluir “spreads” mais elevados nas carteiras, representando o prêmio pago pelos títulos em comparação com papéis do Tesouro Nacional de perfil semelhante.
Em 2023, o Índice de Fundos Imobiliários (Ifix) da B3 registrou um ganho acumulado de 16%, sugerindo estabilidade na indústria de FIIs. No entanto, o primeiro trimestre foi desafiador, marcado por oscilações negativas devido a incertezas sobre inflação, política monetária e fiscal, além de eventos como a fraude contábil na Americanas e recuperações judiciais de grandes grupos. Até março, o Ifix teve uma queda de 3,70%, revertendo em abril com a sinalização do BC sobre cortes de juros, confirmados em agosto.
No terceiro trimestre, mesmo durante o ciclo de redução de taxas, o indicador teve uma baixa de 1,97% em outubro, influenciado pela alta das taxas de juros nos EUA e pelo início do conflito entre Israel e Hamas, afetando a disposição dos investidores para assumir riscos.
No período de novembro e dezembro, o Ifix apresentou uma retomada significativa em sua tendência de alta, impulsionado pelo aumento do otimismo em relação à política monetária dos Estados Unidos e pela redução de incertezas no cenário macroeconômico brasileiro. O índice retornou ao nível pré-pandemia e, em 22 de dezembro, atingiu um novo recorde de fechamento, alcançando 3.260 pontos, superando a antiga marca histórica de 3.253 pontos registrada em janeiro de 2020.
Ao longo do ano, o indicador manteve um ritmo positivo, renovando sua pontuação máxima nos últimos pregões, atingindo, na última sexta-feira (dia 5), a nova máxima de 3.324 pontos no fechamento.
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Informações retiradas de Sérgio Tauhata à Valor Investe