No mundo das finanças, a expressão “flight to quality” (voo para a qualidade) designa um movimento de buscar ativos mais seguros, nos momentos de crise econômica. O mercado imobiliário se apropriou do termo para batizar uma tendência por moradias maiores, mais sofisticadas e localizadas em endereços premium.
Efeito da pandemia do coronavírus, que fez as pessoas valorizarem mais suas casas e a qualidade de vida, o “flight to quality” ajudou a impulsionar a procura por residenciais de luxo.
A tendência chegou aos mercados de locação e de imóveis de médio padrão e até ao segmento comercial, impulsionando as vendas da chamada segunda moradia. Quem sonhava com uma casa no campo ou na praia passou a desejar um imóvel com mais comodidades e em localização mais privilegiada.
“Hoje, você consegue mudar seu escritório para uma unidade mais espaçosa por preços muito inferiores aos que se praticavam antes da pandemia. Muitas pessoas sentiram que também era a hora de dar esse salto de qualidade e viver fora do Rio. Um cliente meu optou por comprar uma casa cinematográfica em Búzios em vez de se mudar para uma cobertura à beira-mar no Leblon” — conta o diretor da Sérgio Castro Imóveis, Claudio Castro.
De modo geral, o efeito da pandemia teve duas etapas na tendência “flight to quality”. Em 2020/2021, os cariocas foram atrás de mais espaço e, de preferência, de imóveis com algum tipo de área livre, como jardins e coberturas. Foi também o período em que muitas pessoas compraram ou alugaram residências nas regiões Serrana, dos Lagos ou da Costa Verde. Do ano passado para cá, o movimento ganhou novos elementos.
“Em 2020 e 2021, percebemos um movimento dos compradores que queriam fazer upgrade para um imóvel maior, já que o isolamento social da pandemia forçou as pessoas a ficarem mais tempo em casa, e elas passaram a valorizar mais suas residências. Em 2022, porém, os clientes passaram a buscar também localizações privilegiadas e, se possível, residenciais com serviços” — observa o CEO da Patrimóvel, Vitor Moura.
Na avaliação do diretor de Incorporação da Gafisa, Frederico Kessler, o “flight to quality” parte de três premissas: unidades espaçosas, design arrojado (e assinado por um nome de peso) e localização superpremium. É o caso do Tom, empreendimento que ocupa o último terreno da Avenida Delfim Moreira, no Leblon. Ao ser lançado, em setembro de 2021, com o metro quadrado mais caro do Brasil — em torno de R$ 100 mil —, houve quem duvidasse do interesse do mercado pelo residencial. Hoje, restam à venda apenas duas das seis unidades.
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Informações retiradas do O Globo