Embora seja um direito previsto por lei, o acesso à moradia ainda apresenta alguns desafios para a população. De um lado, nem todos possuem recursos financeiros o suficiente para adquirir um imóvel. Por outro lado, o mercado de locação tradicionalmente estabelece obstáculos que impedem muitos de alugar um imóvel, sobretudo quando o assunto é garantias de aluguel.
Ainda que o fiador seja uma das alternativas para garantir uma locação, nem sempre é possível encontrar pessoas dispostas a assumir essa responsabilidade, isso levou o mercado a desenvolver o depósito-caução, que geralmente exige o adiantamento de 3 parcelas do aluguel e o seguro fiança, uma espécie de apólice de seguro que equivale, em média, a um valor entre um aluguel e meio e dois aluguéis por ano.
Quando o assunto é empecilho para alugar um imóvel, o perfil do locatário também faz parte da lista, pois além de não contar com um fiador, muitos possuem uma situação financeira desfavorável, com isso não conseguem comprovar a renda necessária para a locação. Dados do IBGE indicam que no Brasil há, pelo menos, 38 milhões de trabalhadores sem vínculo empregatício formal.
Fintechs atuam sob perspectiva inclusiva
As fintechs recém chegadas no Brasil já observam esse problema no setor imobiliário e oferecem soluções tecnológicas para viabilizar o acesso desse público no mercado de imóveis para locação.
Para isso é necessário compreender que as avaliações de perfil dos clientes devem deixar algumas variáveis de lado, o que inclui os números no holerite e as contas bancárias. O fato de alguém não atender os requisitos não necessariamente quer dizer que uma pessoa se tornará inadimplente de aluguel.
Uma análise que pode determinar o comportamento de uma pessoa com relação às suas obrigações financeiras é baseada em algoritmos de análise inteligente de dados, que estabelece parâmetros de risco a partir de padrões de ação que não necessariamente relacionam-se às finanças. Para se ter um exemplo da amplitude desses parâmetros, o modo como alguém se relaciona com seu smartphone pode dar pistas confiáveis sobre sua pontualidade nos pagamentos.
São recursos de inteligência artificial como esses que as fintechs vêm investindo para assegurar o pagamento mensal dos aluguéis junto às imobiliárias. Essas empresas assumem a gestão desse setor e fazem o repasse do valor do aluguel para as imobiliárias mesmo que os inquilinos descumpram o pagamento.
As fintechs ainda adaptam-se às oscilações de renda própria dos trabalhadores informais, assim, se em um determinado período as contas do orçamento não fecham para eles, isso pode ser compensado no próximo mês, algo viável também para a lógica das quitações dos aluguéis desde que haja um intermediário, que neste caso é a própria fintech, para gerenciar essas variações e blindar os donos de imóveis e imobiliárias.
Essas empresas de tecnologia são beneficiadas por seu próprio método, ou seja, recrutar locatários com grande potencial de efetuar o pagamento de suas dívidas e ainda são asseguradas estatisticamente, pois segundo uma pesquisa divulgada pela empresa de recuperação de crédito mostra que em situações onde o dinheiro é escasso, o pagamento do aluguel é prioridade.
Fonte: Exame