Os fundos imobiliário enfrentam inadimplência de varejistas de grande visibilidade no país, como, por exemplo, a Americanas, Tok&Stok e Lojas Marisa, que atualmente possuem pendências em contratos de locação de imóveis que compõem fundos imobiliários, o que pode afetar o retorno financeiro aos cotistas.
Embora não represente uma crise estrutural no setor, os gestores de FIIs alertam os investidores sobre a situação. A Americanas atrasou o pagamento do aluguel de alguns imóveis após descoberta de inconsistência contábil em janeiro.
Além disso, a empresa devolveu quase 20% dos galpões usados para o produtos de e-commerce neste ano, segundo dados da SDS Properties, imobiliária especializada em galpões em condomínios logísticos.
A situação das Lojas Marisa (AMAR3) não é diferente. O fundo de investimento imobiliário Brasil Varejo (BVAR11), administrado pela Rio Bravo, comunicou que não recebeu o aluguel da varejista referente ao mês de janeiro e com vencimento em fevereiro
Já a Tok&Stok é alvo de uma ordem de despejo em virtude de uma dívida do aluguel do seu principal centro de distribuição. Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, que teve acesso aos autos do processo, a empresa deve R$21,3 milhões ao fundo Vinci Logístico (VILG11).
os FIIs com exposição em Americanas, Lojas Marisa e Tok&Stok
“Esse é um indicativo grave sobre a situação financeira da empresa pelo fato de ser o seu principal imóvel”, diz Guilherme Palma, analista de fiis da Manchester, sobre o caso da varejista de móveis e decoração. Segundo ele, os casos de possíveis “calotes” parecem ser piores em comparação ao período mais grave da pandemia da covid-19 e sinalizam outro alerta: os fiis dos segmentos de galpão ou de logística são os mais vulneráveis a esse risco.
Seis dos onze fundos imobiliários que possuem contratos de locação com a Americanas, Tok&Stok e Marisa são do segmento de logística, de acordo com levantamento da Monett. Esse cenário, segundo Felipe Paletta, sócio e analista da Monett, pode indicar que o “boom” do e-commerce visto no início da pandemia não é mais sustentável no atual cenário econômico.
A inadimplência dessas empresas nos contratos de locação pode afetar o retorno financeiro dos fundos imobiliários aos cotistas, mas analistas afirmam que isso não representa uma crise estrutural no setor.
Segundo especialistas, o mercado de fundos imobiliários enfrenta um risco de crédito devido à dificuldade de algumas empresas inquilinas de oferecer rentabilidade, principalmente no setor varejista em um cenário de alta de juros.
No entanto, os FIIs de lajes corporativas e de shoppings são considerados menos suscetíveis, pois possuem uma diversificação de inquilinos e contratos de longo prazo. O impacto é mais na receita do que na ocupação e a situação não pode ser considerada estrutural, pois o problema está relacionado à situação financeira do inquilino e não na qualidade do imóvel. É necessário monitorar o risco de crédito, mas ainda é cedo para falar em calote.
A inadimplência dos varejistas em fundos imobiliários alerta investidores sobre a importância de avaliar a qualidade do imóvel e a garantia do contrato de locação. A análise da situação financeira do inquilino é trabalhosa, portanto, a diversificação do fundo e sua gestão são importantes para proteger a rentabilidade. A adaptabilidade do imóvel também deve ser considerada. Mesmo que o inquilino saia, a garantia do contrato assegura o recebimento de aluguéis.
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Informações retiradas do Estadão