As feiras-livres, um dos costumes mais antigos e apreciados pelos paulistanos, podem representar um problema para o mercado imobiliário. De acordo com pesquisas de mercado, a presença dessas feiras na porta de um imóvel pode levar a uma desvalorização de até 20%. O motivo? O impacto no dia a dia dos moradores e comerciantes locais.
Entre tradição e transtornos
Embora muitos apreciem a experiência de comprar frutas e legumes frescos diretamente dos feirantes, a proximidade excessiva pode trazer inconvenientes. Entre as principais reclamações estão o barulho da montagem das barracas na madrugada, a movimentação intensa e as dificuldades de trânsito. Quem precisa tirar o carro da garagem durante o período da feira enfrenta desafios, assim como comerciantes que veem o fluxo de clientes reduzido nesses dias.
Outro problema apontado é a limpeza. Mesmo com o recolhimento do lixo e a lavagem da rua pelos serviços municipais, o cheiro pós-feira pode permanecer por horas. Esses fatores tornam a convivência com as feiras um dilema para os moradores.
Alternativas e compensações
Para minimizar os impactos negativos, algumas cidades adotaram medidas de compensação. Em São Paulo, uma lei municipal prevê descontos de até 50% no IPTU para imóveis afetados pelas feiras-livres. O Tribunal de Justiça já reconheceu a constitucionalidade da medida, reforçando a necessidade de equilibrar o interesse público e o direito dos moradores.
Feiras-livres: patrimônio ou obstáculo urbano?
Institucionalizadas em 1914, as feiras-livres surgiram como uma solução para a crise de abastecimento na capital paulista. Atualmente, são 955 feiras espalhadas por toda a cidade, incluindo bairros nobres como Itaim Bibi e Vila Nova Conceição, onde o metro quadrado ultrapassa os R$ 50 mil.
Para muitos, elas representam um importante ponto de encontro e geração de empregos. A Prefeitura de São Paulo defende seu valor cultural e econômico, administrando-as por meio da Secretaria de Direitos Humanos e da Secretaria Executiva de Segurança Alimentar e Nutricional.
Debate sobre mudanças
A polêmica sobre a permanência das feiras em ruas residenciais segue em aberto. Alguns moradores defendem sua transferência para espaços públicos, como praças e centros específicos. Outros argumentam que os supermercados já suprem a necessidade de comércio de alimentos frescos, tornando as feiras menos essenciais.
Davi Sant’Ana, morador do Itaim Bibi, é um entusiasta da tradição e aproveita a feira semanalmente para saborear pastel e caldo de cana. Já Marina Nogueira, vizinha no mesmo bairro, discorda totalmente. “O barulho começa de madrugada, o trânsito fica caótico e a sujeira persiste. Quem precisa trabalhar ou tem problemas de saúde enfrenta grandes dificuldades”, critica.
O impasse sobre o futuro das feiras-livres na cidade ainda não tem uma solução definitiva, mas a discussão promete continuar por muito tempo.
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Informações retiradas de Renata Firpo à Veja